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GOIÁS
Senadores podem estar envolvidos em desvio de dinheiro de banco estadual
Juiz pede ao Supremo para
investigar Iris e Maguito
LUCIO VAZ
enviado especial a Goiânia
A Justiça Federal de Goiás formalizou ontem ao Supremo Tribunal
Federal o pedido para que os senadores Iris Rezende e Maguito Vilela, ambos do PMDB, sejam investigados sobre a possível participação no desvio de R$ 5 milhões do
BEG (Banco do Estado de Goiás).
O pedido foi feito pelo juiz federal Alderico Rocha Santos, da 5ª
Vara da Justiça Federal em Goiás,
que encaminhou ao STF as cópias
do inquérito que apura o desvio.
A apuração inicial do Ministério
Público levou à prisão, sexta-feira
passada, de Otoniel Machado Carneiro -irmão e suplente do senador Iris Rezende-, acusado de
desviar o dinheiro para o comitê
de campanha do PMDB em 98.
Otoniel coordenou a campanha
de Iris ao governo do Estado e é
acusado de receber os R$ 5 milhões
em espécie do liquidante da Caixego (Caixa Econômica do Estado de
Goiás), Edivaldo Andrade, em outubro do ano passado. Segundo o
Ministério Público, gravações de
conversas telefônica e testemunhas confirmam a operação.
O juiz da 5ª Vara encaminhou o
pedido ao STF atendendo solicitação do próprio Ministério Público
para que "possam ser aprofundadas as investigações quanto à
eventual participação dos senadores Iris Rezende e Maguito Vilela".
O STF pode arquivar o caso ou
determinar a abertura de inquérito
contra os senadores.
O advogado de Otoniel, Nei Teles, entrou com um pedido de habeas corpus no TRF (Tribunal Regional Federal), que foi indeferido.
Maguito Vilela, que era governador durante a campanha eleitoral
do ano passado e se elegeu para o
Senado, foi citado em conversas telefônicas entre Otoniel e Edivaldo.
As conversas foram gravadas com
autorização judicial.
O juiz Alderico marcou para hoje
o depoimento das oito pessoas envolvidas na fraude, entre elas Otoniel e Edivaldo.
As gravações não incriminam diretamente Iris Rezende. Quando
recebeu o primeiro telefonema de
Otoniel, no dia 1º de fevereiro, o senador logo avisou: "Esse telefone
não é bom". Nas demais ligações,
Iris parecia falar por códigos. Para
pedir um novo número de telefone, referia-se a uma nova "placa".
Nos dias seguintes, o senador
passou a se referir a Edivaldo como
o "paciente". Quando tratava da
operação para soltar Edivaldo da
prisão, falava em "receber alta".
Pedia ao irmão que o assunto não
fosse tratado por telefone. As gravações duraram 15 dias.
Maguito condenou ontem a forma de atuação do Ministério Público e da Justiça Federal. "Devem
apurar, mas estão se precipitando.
A Justiça não precisava prender
Otoniel. Ele tem residência fixa e
tem problemas de saúde."
Iris não foi ao Senado ontem,
mas, por meio de sua assessoria,
pediu inscrição para fazer pronunciamento na sessão de hoje.
O presidente do Senado, Antonio
Carlos Magalhães, afirmou ontem
que a Corregedoria da Casa só entrará no caso se as denúncias atingirem diretamente Iris Rezende.
Colaborou
Flávia de Leon, da Sucursal de Brasília
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