São Paulo, Terça-feira, 09 de Março de 1999
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Polícia apura suposto desvio de R$ 1 mi em governo do PMDB

do enviado especial a Goiânia

A Delegacia de Crimes contra a Fazenda Pública de Goiânia investiga um suposto desvio de dinheiro no governo de Maguito Vilela (GO), hoje senador pelo PMDB, no valor de cerca de R$ 1 milhão. Para a polícia, o principal suspeito é o ex-secretário de Comunicação Social Gean de Carvalho, cunhado e assessor de Maguito no Senado.
O suposto desvio teria ocorrido na Secom (Secretaria de Comunicação). De acordo com a delegacia, cerca de 50 pagamentos, com valores entre R$ 11 mil e R$ 35 mil, foram feitos de forma irregular.
Em alguns casos teriam sido feitos pagamentos duplos com a utilização de uma mesma nota fiscal. No segundo pagamento, não teria sido feito o depósito em conta corrente. Era feito um cheque administrativo em nome de uma empresa de comunicação. Funcionários da Secom, afirma a polícia, falsificavam a assinatura e descontavam o cheque administrativo.
Em outros casos, cheques administrativos teriam sido assinados (por meio de falsificação) e trocados em uma empresa de revenda de carros, a Tropical. Os proprietários da empresa ficariam com os cheques administrativos, entregando a importância em dinheiro vivo à Secom.
Foram funcionários da Secom que confirmaram à polícia a emissão de cheques administrativos de forma irregular e os pagamentos em duplicidade. Os proprietários da Tropical confirmaram as trocas dos cheques por dinheiro vivo.

Desvio claro
Maguito disse ontem à Folha que "está claro que houve um desvio. Um dos funcionários falsificou um ou dois pagamentos feitos em duplicidade. Mas não é o valor que estão falando e também não têm a assinatura do Gean. A suspeita é de caráter político".
Maguito disse que pediu o apoio do Tribunal de Contas do Estado e do Ministério Público para fiscalizar o seu governo. "Aparelhei o Ministério Público porque confio na instituição. Não vão encontrar um ato meu acobertando nada."
A investigação está sendo conduzida pela Delegacia de Crimes contra a Fazenda Pública. As primeiras informações foram obtidas pela Comissão Revisora de Contratos do atual governo.

Outro lado
Gean de Carvalho é o principal suspeito porque era o ordenador de despesas da Secretaria. Ele disse à Folha que teria havido apenas um pagamento em duplicidade na Secom, no valor de R$ 32 mil. "Mas eu não assinei, até porque eu estava licenciado naquele período."
Para o ex-secretário, "se existe alguma irregularidade, que seja apurada. Eu condeno apenas a forma como a polícia está fazendo a investigação. Eu até agora não fui ouvido. Até hoje não me foi dado o direito de defesa. O meu advogado não teve acesso ao inquérito".
Segundo a Delegacia de Crimes contra a Fazenda, o advogado de Carvalho teve acesso ao inquérito.
(LUCIO VAZ)


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