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SÃO PAULO
Secretaria dos Transportes deixará de fazer 40 obras em estradas, o que significará economia de R$ 60 mi
Covas suspende novos investimentos
GONZALO NAVARRETE
PATRÍCIA ANDRADE
da Reportagem Local
Depois de anunciar corte de despesas de custeio em todas as áreas
da administração, o governo de
São Paulo decidiu suspender a realização de novas obras.
A Secretaria dos Transportes interrompeu a contratação de 20
obras com licitação finalizada e o
lançamento de concorrência pública de outras 20 como primeira
medida de contenção de gastos.
Segundo o DER (Departamento
de Estradas de Rodagem), a medida fará com que os cofres públicos
congelem temporariamente R$ 60
milhões em investimentos.
Essa verba seria aplicada principalmente no recapeamento, construção de trevos e passarelas de estradas vicinais. Esse valor representa 10% dos recursos que a secretaria dispõe para investimentos. O orçamento total da pasta é
de R$ 1,023 bilhão.
"É claro que a suspensão dessas
obras atrapalha e tem um custo social. A ausência de melhorias pode
dificultar o escoamento da produção agrícola", afirma o secretário
dos Transportes, Michael Zeitlin.
Ele ressaltou que a decisão de
"apertar o cinto" não irá afetar as
155 obras em andamento nas rodovias estaduais. Elas totalizam
uma despesa de R$ 328 milhões.
O governador Mário Covas
(PSDB) determinou cortes de R$ 2
bilhões no Orçamento de R$ 36,3
bilhões deste ano. O motivo é a
previsão de queda na arrecadação
do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). A
redução de receita pode chegar a
R$ 2 bilhões.
No pacote de contenção de gastos, houve congelamento de todo o
dinheiro que o Executivo dispõe
para novos investimentos -R$ 1,6
bilhão-, corte de 10% nas despesas de custeio, o que representa R$
200 milhões, e redução de R$ 200
milhões nos repasses para a administração indireta.
O secretário de Economia e Planejamento, André Franco Montoro Filho, acha que a receita do Estado vai aumentar no segundo semestre. Se isso ocorrer, a verba para novos investimentos será desbloqueada. "O desafio agora é gastar melhor maneira possível. Pode
haver redução no ritmo das obras,
mas o mundo não acabou", afirmou Montoro Filho.
Uma das principais bandeiras do
governo Covas, a construção de
casas populares, escapou do congelamento, mas pode sofrer os
efeitos da queda na arrecadação.
A meta para 1999 é construir 40
mil moradias. Até agora, estão em
andamento 23 mil casas. O restante só começará a ser construído
quando melhorar a receita do
ICMS. Isso porque o governo destina 1% da arrecadação do imposto
para a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo).
"Podemos suprir as quedas na
receita fazendo parcerias com o
governo federal, associações de
mutirão e empresas privadas", diz
o secretário da Habitação, Francisco Prado.
Outra área que está sofrendo os
efeitos da crise é a de transportes
de massa. O governo havia prometido entregar quatro novas estações do metrô em maio deste ano.
Não será mais possível.
O novo calendário prevê a conclusão dessas obras no final do
ano, quando serão entregues, ao
todo, sete estações.
Na avaliação da Apeop (Associação Paulista de Empresários de
Obras Públicas), o setor da construção atingiu a sua pior taxa de
emprego desde 1982: 76.481 trabalhadores. Naquele ano, quando o
índice começou a ser calculado,
havia 178 mil empregos no setor.
Nos últimos 12 meses, houve
16.271 demissões. "O congelamento de investimentos pode significar
mais 10 mil demissões", diz Paulo
Godoy, presidente da Apeop.
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