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Sem-terra deixam área de empresa
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO SEGURO (BA)
MANUELA MARTINEZ
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA
O MST começou ontem por volta das 18h a desocupar propriedade da Veracel Celulose, em Porto
Seguro (705 km ao sul de Salvador), invadida pelo movimento
na última segunda-feira.
A decisão de sair ocorreu após
acordo firmado em Salvador entre representantes dos sem-terra,
do Incra (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária) e
do governo baiano. O Incra se
comprometeu a acelerar a desapropriação de áreas já vistoriadas
e a montar um escritório no sul da
Bahia. Já MST decidiu deixar o local, mas promete acampar às
margens da estrada que liga Porto
Seguro a Eunápolis.
A invasão ocorreu na segunda-feira. Cerca de 3.000 famílias de
sem-terra invadiram área da Veracel Celulose e derrubaram eucaliptos plantados pela multinacional. Em quatro dias, foram destruídos 25 ha. No lugar, plantaram milho, feijão e mandioca.
Depois de quase quatro horas
de negociações, o MST aceitou a
proposta do governo baiano, referendada pelo Incra. Segundo o
acordado, o Incra vai recomendar
ao presidente Luiz Inácio Lula da
Silva a desapropriação imediata
de seis fazendas (6.000 ha) no sul
do Estado. "Só falta o presidente
assinar o decreto", disse o superintendente do Incra na Bahia,
Marcelino Galo. Ele disse que outras 46 áreas (40 mil ha) estão com
processos "bem adiantados".
Walmir Assunção, do MST
baiano, disse que o acordo foi favorável aos sem-terra. "Conseguimos chamar a atenção das autoridades para a nossa causa. E, rapidamente, vamos receber mais
6.000 ha, o suficiente para 500 famílias." De acordo com Assunção, 35 mil famílias na Bahia estão
à espera de um lote.
Rossetto
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, elogiou ontem a decisão do MST de
sair da fazenda da Veracel : "As lideranças [do movimento] tiveram um papel maduro, positivo,
elogiável", disse ele.
A cúpula do governo soube da
decisão na reunião no Planalto
para discutir a seca na região Sul,
da qual Rossetto participou. "A
saída para o impasse foi bem recebida", relatou.
O tom do ministro, durante todo o episódio, foi de condescendência com o MST e de críticas às
cobranças da Veracel , ao contrário das declarações do ministro
Roberto Rodrigues (Agricultura).
Rodrigues também estava na
reunião de ontem no Planalto, da
qual participaram José Dirceu
(Casa Civil), Ciro Gomes (Integração Nacional) e Bernard Appy
(interino da Fazenda).
Colaboraram ELIANE CANTANHÊDE e
ANA FLOR, da Sucursal de Brasília
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