São Paulo, sexta-feira, 09 de abril de 2004

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PARANÁ

Justiça solta último preso do caso Copel

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O empresário Rogério Figueiredo Vieira foi libertado ontem da prisão no Paraná, por ordem da Justiça Estadual. Vieira era o único ainda detido entre os oito que foram presos preventivamente na terça-feira por suspeita de desvio de dinheiro da Copel (companhia de energia do Paraná).
Seus advogados conseguiram que o desembargador do Tribunal de Justiça Ruy Fernando Mendonça estendesse ao empresário o habeas corpus que tinha concedido aos demais.
O Ministério Público do Paraná acusa Vieira de ter "emprestado" ao doleiro Alberto Youssef contas de cinco empresas e de 36 "laranjas" para movimentar R$ 15,7 milhões, de um total de R$ 16,8 milhões que teriam sido desviados da Copel em setembro de 2002.
O empresário atua no Rio de Janeiro, onde foi preso na terça-feira e posteriormente transferido para Curitiba. Vieira já foi investigado quando era funcionário do Tribunal Regional do Trabalho do Rio e trabalhou no gabinete do deputado federal Carlos Rodrigues (PL-RJ), que antes era conhecido como Bispo Rodrigues.
Segundo o Ministério Público Estadual, Vieira era a ponte com o doleiro carioca Paulo Malta.
Dois ex-secretários do governo de Jaime Lerner (ex-PFL, hoje PSB), Ingo Hübert (Fazenda e presidência da Copel) e José Cid Campêlo Filho (Governo) são suspeitos de planejar a fraude. Eles, dois ex-funcionários da Copel e três empresários foram libertados na terça e na quarta.

Foragidos
A inspetora do Tribunal de Contas do Paraná Desirée do Rocio Vidal e o dono da Embracon (Empresa Brasileira de Consultoria), Maurício Roberto Silva, continuam foragidos. Ela teve a prisão decretada por assinar o parecer que respaldou o pagamento de uma consultoria à Adifea (Associação dos Diplomados da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP).
Segundo os promotores do caso, o dinheiro foi direto para a Embracon e dali às contas dos "laranjas", por intermédio do doleiro Youssef. O doleiro responde a dezenas de processos na Justiça Federal sob a suspeita de lavagem de dinheiro e evasão de divisas por intermédio de contas CC5 (de não-residentes no país) do Banestado (Bando do Estado do Paraná, privatizado em 2000).
Em depoimento dado a um juiz federal e a procuradores da República e do Estado, ele disse que o valor desviado da Copel foi trocado por dólares, como em uma operação de câmbio convencional, e devolvido ao dono da Embracon. Silva, por sua vez, de acordo com Youssef, entregou as notas a integrantes do governo e a políticos.
Segundo Renato Andrade, que é advogado do ex-funcionário de carreira da Copel César Bordin, seu cliente afirma que foi a sua equipe interna que realizou o trabalho depois pago a título de consultoria à Adifea.
Exceto o doleiro -que fez a confissão em juízo-, os envolvidos ouvidos pela Agência Folha negam as acusações.



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