São Paulo, quinta-feira, 09 de abril de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PF faz nova busca e apreensão em sede do grupo de Dantas

Objetivo era localizar livros contábeis e papéis de empresas que seriam do Opportunity

Advogado do banqueiro diz que busca é "impregnada de arbitrariedades" e que a PF não tem justificativa para pedir outros documentos


DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL

No mesmo dia em que o delegado Protógenes Queiroz, que investigou o grupo Opportunity, prestou depoimento à CPI dos Grampos, a sede da empresa, no Rio de Janeiro, foi alvo de uma nova busca e apreensão ordenada pela Justiça Federal.
Agentes da Polícia Federal chegaram à empresa ontem de manhã, com um mandado assinado pelo juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Criminal de São Paulo, que determinou uma devassa no departamento jurídico do banco, de Daniel Dantas.
O ato é um desdobramento da Operação Satiagraha, que investiga Dantas e o grupo por supostos crimes financeiros. O objetivo era apreender registros contábeis e documentos com a razão social de pelo menos 80 empresas que seriam integradas ao Opportunity.
A PF, que pediu ao juiz a ordem de busca, disse que, após ouvir funcionários do Opportunity, foi narrada a existência de cerca de 80 empresas não financeiras criadas para "suprir eventuais necessidades de caixa". A polícia informou ser "imprescindível" para a investigação localizar os contratos para transferência de recursos entre as empresas e adiantamentos de futuro aumento de capital.
Esses papéis, informou a PF, já haviam sido solicitados à direção do banco, que teria se recusado a repassá-los sob a justificativa de que os dados estavam disponíveis em meio eletrônico. Segundo a PF os arquivos estavam incompletos.
Em nota, o advogado de Dantas, Andrei Zenkner Schmidt, informou que a busca está "impregnada de arbitrariedades". Disse que a polícia não justificou a solicitação de outros documentos além dos que já estavam com ela. "A razão para a PF buscar, pela segunda vez, documentos que já tinha em seu poder é evidente: ciente de que a Operação Satiagraha é nula em sua origem, tenta novamente acessar documentos para conferir nova aparência a uma prova antiga, já viciada", afirmou.

Defesa
Ele criticou ainda o fato de a busca ter ocorrido no início do feriado de Páscoa da Justiça, o que, segundo ele, teve como objetivo dificultar a defesa.
Como os documentos visados pela PF estavam guardados no departamento jurídico do Opportunity, advogados protestaram contra a decisão do juiz. Disseram que a legislação prevê o caráter inviolável dos escritórios de advocacia.
Na decisão, De Sanctis sustentou que departamento jurídico não é "escritório de advogado autônomo" e que, entre os investigados, está a diretora jurídica do banco, Danielle Ninio.
Ontem, após o protesto de advogados, o juiz deu uma nova decisão reiterando que a ordem de busca deveria ser cumprida no setor jurídico do grupo.
O advogado de Dantas criticou o fato de a operação coincidir com o depoimento de Protógenes. O policial, que chefiou a Satiagraha até ser afastado por suposta insubordinação, é desafeto público do banqueiro.
A Justiça informou ter ocorrido uma "coincidência". O pedido da PF e a manifestação do procurador da República Rodrigo de Grandis, concordando com a medida, chegaram ao gabinete do juiz anteontem.


Texto Anterior: TCU veta que Petrobras pague a mais por obra em refinaria
Próximo Texto: Protógenes visa carreira política, diz corregedoria
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.