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PF faz nova busca e apreensão em sede do grupo de Dantas
Objetivo era localizar livros contábeis e papéis de empresas que seriam do Opportunity
Advogado do banqueiro diz que busca é "impregnada de arbitrariedades" e que a PF não tem justificativa para pedir outros documentos
DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL
No mesmo dia em que o delegado Protógenes Queiroz, que
investigou o grupo Opportunity, prestou depoimento à CPI
dos Grampos, a sede da empresa, no Rio de Janeiro, foi alvo de
uma nova busca e apreensão
ordenada pela Justiça Federal.
Agentes da Polícia Federal
chegaram à empresa ontem de
manhã, com um mandado assinado pelo juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Criminal de São
Paulo, que determinou uma devassa no departamento jurídico do banco, de Daniel Dantas.
O ato é um desdobramento
da Operação Satiagraha, que investiga Dantas e o grupo por supostos crimes financeiros. O
objetivo era apreender registros contábeis e documentos
com a razão social de pelo menos 80 empresas que seriam integradas ao Opportunity.
A PF, que pediu ao juiz a ordem de busca, disse que, após
ouvir funcionários do Opportunity, foi narrada a existência de
cerca de 80 empresas não financeiras criadas para "suprir
eventuais necessidades de caixa". A polícia informou ser "imprescindível" para a investigação localizar os contratos para
transferência de recursos entre
as empresas e adiantamentos
de futuro aumento de capital.
Esses papéis, informou a PF,
já haviam sido solicitados à direção do banco, que teria se recusado a repassá-los sob a justificativa de que os dados estavam disponíveis em meio eletrônico. Segundo a PF os arquivos estavam incompletos.
Em nota, o advogado de Dantas, Andrei Zenkner Schmidt,
informou que a busca está "impregnada de arbitrariedades".
Disse que a polícia não justificou a solicitação de outros documentos além dos que já estavam com ela. "A razão para a PF
buscar, pela segunda vez, documentos que já tinha em seu poder é evidente: ciente de que a
Operação Satiagraha é nula em
sua origem, tenta novamente
acessar documentos para conferir nova aparência a uma prova antiga, já viciada", afirmou.
Defesa
Ele criticou ainda o fato de a
busca ter ocorrido no início do
feriado de Páscoa da Justiça, o
que, segundo ele, teve como objetivo dificultar a defesa.
Como os documentos visados pela PF estavam guardados
no departamento jurídico do
Opportunity, advogados protestaram contra a decisão do
juiz. Disseram que a legislação
prevê o caráter inviolável dos
escritórios de advocacia.
Na decisão, De Sanctis sustentou que departamento jurídico não é "escritório de advogado autônomo" e que, entre os
investigados, está a diretora jurídica do banco, Danielle Ninio.
Ontem, após o protesto de
advogados, o juiz deu uma nova
decisão reiterando que a ordem
de busca deveria ser cumprida
no setor jurídico do grupo.
O advogado de Dantas criticou o fato de a operação coincidir com o depoimento de Protógenes. O policial, que chefiou
a Satiagraha até ser afastado
por suposta insubordinação, é
desafeto público do banqueiro.
A Justiça informou ter ocorrido uma "coincidência". O pedido da PF e a manifestação do
procurador da República Rodrigo de Grandis, concordando
com a medida, chegaram ao gabinete do juiz anteontem.
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