São Paulo, quinta-feira, 09 de maio de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Presidenciável afirma, em Brasília, que denúncias contra Serra são "coisa para delegado de polícia"

PPS contraria Ciro e elege nova Executiva

PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar da resistência do presidenciável Ciro Gomes, o PPS realiza hoje, em Brasília, reunião de seu Diretório Nacional para a eleição da nova Executiva do partido.
De acordo com pessoas próximas a Ciro, o ex-ministro preferia que a eleição não fosse realizada para evitar que ela se transforme em um novo capítulo na disputa interna que o pré-candidato vem travando com o presidente da legenda, senador Roberto Freire.
Embora negue motivações políticas para a proposta de cancelamento do encontro, o líder da sigla na Câmara, João Herrmann (SP), era um dos defensores da idéia. "Acho apenas que ela [a eleição] era inoportuna por causa da energia [que será] gasta", declarou. "Mas quando ia defender essa idéia recebi a convocação para a reunião", completou.
No dia 18 de abril, a Frente Trabalhista que dá sustentação à candidatura de Ciro -formada por PDT, PTB e PPS- cancelou, na última hora, pré-convenção conjunta que sacramentaria publicamente a coligação. Sem acordo sobre a escolha do pré-candidato do grupo ao governo do Rio Grande do Sul, os partidos realizaram encontros separados.
Depois da crise gerada pelo conflito no Sul, PTB e PDT decidiram isolar o PPS e lançar juntos candidatos em todo o país. Diante do racha, Ciro demonstrou preocupação em reunir hoje, novamente, os integrantes de seu partido.
Para não agravar as disputas internas, o ex-ministro teria desistido também da idéia de tentar articular a eleição de integrantes mais alinhados à sua candidatura para a Executiva.
Adversários do presidenciável dentro da sigla argumentam, entretanto, que ele não obteria, ainda que quisesse, placar favorável na votação. Atualmente, apesar do pouco poder efetivo de que dispõe na campanha de Ciro, Freire controla a máquina partidária do PPS.
Deverão ser eleitos hoje entre 11 e 21 integrantes para a Executiva, escolhidos entre os 105 membros do Diretório Nacional da legenda.
A previsão do partido é a de que não haja disputas internas pelas vagas. Já estão definidos os nomes do presidente -o próprio Freire- e do presidente de honra -Salomão Malina.
Membros do PPS dizem ainda que Ciro e Herrmann, hoje, respectivamente, primeiro e segundo vice-presidentes da Executiva, serão reconduzidos aos cargos.
Manifestações contrárias a Ciro e a Freire não estão descartadas durante o encontro. Mas o partido já tem o discurso ensaiado caso elas realmente ocorram. Serão todas classificadas como posições isoladas dentro da legenda.
Há hoje descontentamento de setores do PPS em relação às posições adotas por Ciro -como a recente busca de uma aliança com o PFL- e também quanto à grande proximidade entre o presidenciável e o PTB. Diante disso, Freire já ameaçou publicamente não dar ao pré-candidato a legenda para que dispute o Planalto. Embora praticamente ninguém no partido acredite nessa possibilidade, não estão descartados discursos com esse teor na eleição de hoje.

Brasília
Sobre as denúncias que estão atingindo a pré-candidatura de José Serra (PSDB), Ciro foi direto: ""Poupem-me desse assunto porque isso é coisa para delegado de polícia", declarou. "Não tenho nenhuma afinidade com a falta de escrúpulos com que o Serra se comporta na política."
As afirmações foram feitas no fórum de discussão da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara.


Colaborou RAQUEL LIMA, da Sucursal de Brasília



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