São Paulo, domingo, 09 de maio de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SUPERPROTEGIDO

Protestos são cada vez mais comuns

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em Blumenau (SC), durante a October Fest, em outubro de 2003, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou do desfile e tomou chope da caneca de um folião. Na semana passada, em Rio Verde (GO), a segurança determinou que copos plásticos de água fossem servidos sem tampa para evitar o risco de que copos cheios fossem arremessados contra a comitiva presidencial.
As duas viagens são emblemáticas e mostram a mudança de comportamento do presidente fora de Brasília em dois momentos do governo. Um dos sinais mais concretos da preocupação do Planalto com a queda da popularidade de Lula são os cuidados cada vez mais minuciosos da equipe responsável por sua segurança, especialmente nas viagens domésticas. Além de cuidar da integridade física do presidente, há a preocupação com manifestações e protestos que possam causar constrangimento.
O restaurante popular inaugurado por Lula em Manaus, no mês passado, foi cercado por grades de metal, em vez da já tradicional corda de isolamento. O presidente mal viu os grevistas da Polícia Federal que protestavam.
A mesma proteção de metal isolou a população do bairro Amine Lindoso, onde Lula participou de uma inauguração.
Os primeiros sinais de isolamento de Lula nas viagens ocorreram em Belém, em fevereiro. O único lugar em que o presidente caminhou e cumprimentou a população foi no bairro do Tucunduva, reduto petista que comemorava a urbanização da favela.
Em meados de março, manifestações e protestos tornaram-se mais constantes. Em Olinda, no dia 18, um grupo ligado ao MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) entrou em confronto com policiais em frente ao local onde se realizava a 2ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Lula chegaria momentos depois.
Em Ribeirão Preto (SP), em abril, a decoradora paraense Maria do Socorro Moura de Oliveira Gabriel foi retirada da platéia que acompanhava o discurso de Lula na Agrishow após chamá-lo, aos gritos, de "traidor".
Uma exceção: na visita a Rio Verde Lula cumprimentou um grupo de manifestantes do Movimento de Terra, Trabalho e Liberdade. Um dos seus assessores informou que os manifestantes não eram "hostis".
O Planalto informou que "a segurança presidencial obedece a normas estabelecidas por vários governos". Disse ainda não ser verdade que o bairro Amine Lindoso, em Manaus, foi cercado.


Texto Anterior: Lua de fel: Após euforia inicial, presidente se afasta da população
Próximo Texto: Imprensa sofre com restrições em viagens
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.