São Paulo, domingo, 09 de maio de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MÁQUINA PARADA

Ministro diz que juros poderiam ter caído mais e que proposta de aumento aos servidores será retirada

Dirceu ameaça retaliar servidores grevistas

RUBENS VALENTE
ENVIADO A SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, anunciou ontem à tarde, num discurso para militantes do PT em São José dos Campos (SP), que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai recuar da proposta de reajuste feita em abril para os servidores federais, caso eles dêem início a uma greve nesta semana. Parte do funcionalismo anunciou decisão de cruzar os braços a partir de amanhã.
A proposta do Executivo prevê reajustes diferenciados entre 12,85% e 32,27% para os servidores na ativa e de 9,50% a 29,38% para os inativos.
Após dizer que o governo estava concedendo o primeiro reajuste "em muitos anos", o ministro afirmou: "E tem gente querendo fazer greve. O presidente [Lula] vai retirar a proposta, porque não é correto isso. Porque o governo fez uma proposta que atende aqueles que ganham menos".
No último dia 18, uma reunião plenária da Cnesf (Coordenação Nacional de Entidades de Servidores Federais), que reúne dez entidades e cerca de 800 mil servidores, do total de 905 mil, marcou para amanhã o início da greve.
Em clima eleitoral, Dirceu foi a São dos José dos Campos participar de um encontro que ratificou a pré-candidatura do deputado estadual Carlinhos Almeida (PT-SP) a prefeito da cidade.
O ministro posou para fotos com cerca de 25 pré-candidatos a vereador, distribuiu autógrafos para cabos eleitorais e anunciou que vai "percorrer o Estado todo" para fazer campanha eleitoral para os candidatos do PT.
Num discurso de 45 minutos, Dirceu listou o que seriam realizações do governo Lula e admitiu um engano, a política de juros altos no final de 2003 e no começo de 2004. "Não que o governo não tenha cometido erros. Não que a nossa política monetária não tenha cometido equívocos. O juro poderia ter baixado em outubro, mais. E em janeiro e fevereiro, ter baixado", afirmou. Em outubro, o Banco Central reduziu a taxa de juros de 20% para 19%, mas diferentes setores da economia reclamaram uma queda maior. Esperava-se isso porque, no mês anterior, o BC havia reduzido a taxa em dois pontos percentuais.
Nos dois primeiros meses deste ano, a taxa foi mantida em 16,5%.
Depois do discurso, em entrevista coletiva, um repórter quis saber a razão de o governo ter baixado pouco os juros em outubro, janeiro e fevereiro. O ministro reafirmou sua crítica: "Porque a análise técnica, que o Banco Central fez, olhando a inflação e olhando a situação econômica, levou o Banco Central, que tem autonomia, à conclusão de que não deveria baixar. Não quer dizer que eu tenha que concordar. Depois que o Banco Central anunciou, todos têm o direito de analisar, avaliar, como os comentaristas, os articulistas, os economistas e muitos políticos analisam".



Texto Anterior: Imprensa sofre com restrições em viagens
Próximo Texto: Marta rejeita interferência em eleição
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.