São Paulo, domingo, 09 de maio de 2004

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ELEIÇÕES 2004

Na semana seguinte à divulgação de novas denúncias contra Maluf, ex-senador intensifica tentativa de adiar pré-convenção

Na dúvida, Serra trabalha contra prévia em São Paulo

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL

JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente nacional do PSDB, José Serra, trabalha para que a pré-convenção do partido, marcada para o próximo domingo, seja adiada, enquanto estuda a possibilidade de entrar na disputa pela Prefeitura de São Paulo.
A articulação de tucanos ligados ao ex-senador ganhou combustível extra com a divulgação de novo documento reforçando suspeitas de contas mantidas no exterior por Paulo Maluf (PP). O ex-prefeito aparece tecnicamente empatado com Serra nas últimas pesquisas de intenção de voto.
A operação em torno de Serra já surtiu seu primeiro efeito. O governador tucano Geraldo Alckmin iria anunciar seu apoio ao secretário Saulo de Castro Abreu Filho (Segurança Pública), mas suspendeu de última hora a adesão pública à sua pré-candidatura.
O maior entrave para o adiamento da pré-convenção, porém, é o próprio governador, que só aceita derrubar as prévias antecipadas se Serra comunicar oficialmente que está à disposição do partido para disputar a sucessão da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT). Alckmin, que reclamou de deputados ligados a Serra terem criticado publicamente a data da pré-convenção, avalia que o partido já "sangrou" demais com a indefinição do ex-senador.
O anúncio do apoio do governador a Saulo ocorreria logo depois que a bancada tucana de deputados estaduais divulgou um documento pró-secretário. Aliados de Alckmin chegaram a estranhar o fato de a movimentação de Serra ter ganhado força justamente no dia em que foi fechada a adesão ao candidato do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo.
Além de Saulo, outros três nomes participarão da prévia, na qual votam os delegados zonais do partido na capital: José Aníbal, ex-presidente do PSDB, e os deputados federais Walter Feldman e Zulaiê Cobra. Como Serra é nome de consenso entre os tucanos, os quatro pré-candidatos já disseram que abririam mão de suas candidaturas em favor dele.
Serra, candidato derrotado por Lula em 2002, conversou nos últimos dias com correligionários, leu pesquisas e pediu a tucanos a garantia de ser o candidato na eleição para o governo do Estado em 2006, caso venha a perder o pleito deste ano. Serra também coloca na balança as dívidas contraídas durante a eleição de 2002.
Alckmin não tem motivos para se opor à entrada de Serra na disputa. De olho em 2006, ele se fortalece na corrida para a sucessão de Lula em dois cenários: 1) se Serra vencer, terá um mandato de quatro anos a cumprir e estará mais próximo do Palácio dos Bandeirantes do que do Planalto; 2) uma eventual derrota seria debitada na conta de Serra, já que o tucano tem luz própria. Qualquer outro candidato transferiria para Alckmin o ônus do fracasso.
Um terceiro cenário, pouco provável para os tucanos, seria uma derrota de Serra no primeiro turno, o que o enfraqueceria e o tiraria da disputa pela Presidência em 2006. Se o impasse de Serra persistir, Alckmin jogará sua cartada final a favor de Saulo ao assumir publicamente nesta semana o apoio ao secretário, uma vez que os outros pré-candidatos já disseram não abrir mão da disputa.


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