São Paulo, sábado, 09 de maio de 2009

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entrevista

"Foi um sacrifício muito grande", diz vice do TST

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Membro do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), o vice-presidente do Tribunal Superior do Trabalho, João Oreste Dalazen, esteve no "16º Ciclo de Estudos do Direito do Trabalho", que reuniu juízes no feriado prolongado de 18 a 21 de abril, no luxuoso Tivoli Ecoresort Praia do Forte (BA). Os gastos dos convidados, inclusive juízes e cônjuges, foram pagos pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos), promotora do encontro.
"Foi um sacrifício muito grande", diz Dalazen, que presidiu a abertura dos trabalhos. "Não se pode ver com maldade a participação de juízes nesses eventos." Em encontro similar, em 2008, no Iberostar Bahia Hotel, na Praia do Forte, o ministro do TST Vantuil Abdala disse que foi a todos os ciclos da Febraban: "Só não participei enquanto estava no Conselho Nacional de Justiça, porque achei que não era oportuno".

 

FOLHA - Como o sr. avalia sua participação no encontro?
JOÃO ORESTE DALAZEN -
Participei com advogados, economistas e professores de um evento científico. O presidente do TST, ministro Milton [de Moura França], delegou-me o encargo de representá-lo. Cheguei às 16h do sábado, proferi a minha palestra e, na segunda-feira, já estava de volta. Houve três painéis no domingo.

FOLHA - O tribunal pagou a sua passagem?
DALAZEN -
Eu não paguei um tostão. Imagine, sou convidado para trabalhar para os outros. Você não profere palestra de improviso. Tudo isso exige reflexão. É evidente que não participaria sem que me fosse propiciada a passagem e o retorno pela entidade promotora. Confesso que relutei muito, porque tenho compromissos. Foi um sacrifício muito grande.

FOLHA - Sua mulher foi?
DALAZEN -
Fui acompanhado da minha mulher. A participação foi nos limites do necessário para representar o tribunal.

FOLHA - Em 2006, após evento da Febraban com juízes, em Comandatuba (BA), pediu-se ao CNJ para disciplinar essas viagens.
DALAZEN -
O assunto foi levado ao CNJ, que não levou avante. Entendeu que episódios dessa natureza não enodoam. Não constituem um deslize ou algo que não se possa revelar.

FOLHA - Esses encontros não poderiam ser realizados nos próprios tribunais, nas universidades? Foi num resort caro.
DALAZEN -
Nem sempre há possibilidade de encontrar espaço público adequado. Os tribunais têm sessões. Muitas vezes não têm auditório adequado. Ministros de tribunais superiores não precisam disso. Eu lhe digo com a maior honestidade.


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