|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
entrevista
"Foi um sacrifício muito grande", diz vice do TST
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Membro do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), o
vice-presidente do Tribunal
Superior do Trabalho, João
Oreste Dalazen, esteve no
"16º Ciclo de Estudos do Direito do Trabalho", que reuniu juízes no feriado prolongado de 18 a 21 de abril, no luxuoso Tivoli Ecoresort Praia
do Forte (BA). Os gastos dos
convidados, inclusive juízes
e cônjuges, foram pagos pela
Febraban (Federação Brasileira de Bancos), promotora
do encontro.
"Foi um sacrifício muito
grande", diz Dalazen, que
presidiu a abertura dos trabalhos. "Não se pode ver com
maldade a participação de
juízes nesses eventos."
Em encontro similar, em
2008, no Iberostar Bahia
Hotel, na Praia do Forte, o
ministro do TST Vantuil Abdala disse que foi a todos os
ciclos da Febraban: "Só não
participei enquanto estava
no Conselho Nacional de
Justiça, porque achei que
não era oportuno".
FOLHA - Como o sr. avalia sua
participação no encontro?
JOÃO ORESTE DALAZEN - Participei com advogados, economistas e professores de um
evento científico. O presidente do TST, ministro Milton [de Moura França], delegou-me o encargo de representá-lo. Cheguei às 16h do
sábado, proferi a minha palestra e, na segunda-feira, já
estava de volta. Houve três
painéis no domingo.
FOLHA - O tribunal pagou a sua
passagem?
DALAZEN - Eu não paguei um
tostão. Imagine, sou convidado para trabalhar para os
outros. Você não profere palestra de improviso. Tudo isso exige reflexão. É evidente
que não participaria sem que
me fosse propiciada a passagem e o retorno pela entidade promotora. Confesso que
relutei muito, porque tenho
compromissos. Foi um sacrifício muito grande.
FOLHA - Sua mulher foi?
DALAZEN - Fui acompanhado
da minha mulher. A participação foi nos limites do necessário para representar o
tribunal.
FOLHA - Em 2006, após evento
da Febraban com juízes, em Comandatuba (BA), pediu-se ao CNJ
para disciplinar essas viagens.
DALAZEN - O assunto foi levado ao CNJ, que não levou
avante. Entendeu que episódios dessa natureza não enodoam. Não constituem um
deslize ou algo que não se
possa revelar.
FOLHA - Esses encontros não poderiam ser realizados nos próprios tribunais, nas universidades? Foi num resort caro.
DALAZEN - Nem sempre há
possibilidade de encontrar
espaço público adequado. Os
tribunais têm sessões. Muitas vezes não têm auditório
adequado. Ministros de tribunais superiores não precisam disso. Eu lhe digo com a
maior honestidade.
Texto Anterior: Febraban paga encontro de juízes em resort Próximo Texto: Protógenes é denunciado por vazar dados Índice
|