São Paulo, domingo, 09 de junho de 2002

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Nos EUA, convenções são liturgias coreografadas

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

Hillary Clinton balançou o corpo ao som da música "Macarena" na convenção democrata que indicou pela segunda vez seu marido, Bill Clinton, como candidato do partido às eleições presidenciais, em 1996. Vinte milhões de pessoas viram a cena pela TV.
Em 2000, o Partido Republicano pressionou as emissoras para que a cobertura da convenção dos democratas fosse equivalente à feita na deles, quando formalizaram semanas antes George W. Bush como candidato à Presidência.
Os republicanos enviaram mensagem às três principais emissoras norte-americanas exigindo que os adversários não tivessem "nem um minuto a mais" de tempo de exposição.
Até 1964, as convenções nacionais dos dois grandes partidos norte-americanos serviam para decidir quem seriam os candidatos à Presidência do país. Desde então, virou "show".
Convenções presidenciais nos EUA são eventos planejados nos mínimos detalhes para conquistar espaço na mídia para candidatos que já foram escolhidos meses antes, durante as primárias estaduais dos partidos.

Atrações
Suas atrações são programadas milimetricamente para se ajustar aos cinco fusos horários do país e à disponibilidade das principais redes de televisão.
Os discursos mais importantes, nos quais os candidatos aceitam a candidatura como se dessem uma novidade, são lidos à noite.
Durante o dia, milhares de delegados fazem turismo enquanto as direções dos partidos reúnem-se com empresários, em salas VIP montadas para arrecadar fundos para as campanhas presidenciais de mais de US$ 150 milhões.
Convenções nos EUA transformaram-se em liturgias coreografadas. Nada mais se decide nelas. O que vale é o espetáculo e a audiência.


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