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ALAGOAS
Seguranças foram soltos três dias após encontro
Irmão de PC e juiz
discutiram liminar
Sérgio Lima - 12.jan.99/Folha Imagem
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Augusto Farias, que se encontrou com o presidente do TJ-AL na sexta |
MÁRIO MAGALHÃES
enviado especial a Maceió
PAULO PEIXOTO
da Agência Folha em Maceió
O deputado
Augusto Farias
(PPB-AL), irmão de Paulo
César Farias, encontrou-se na
sexta-feira com
o presidente do
Tribunal de Justiça de Alagoas, Orlando Manso, para tratar do pedido de habeas corpus em favor dos
quatro seguranças que estavam
presos como suspeitos de matar
PC e sua namorada, Suzana Marcolino, em 1996.
O irmão de PC foi recebido por
Manso na sala da presidência do
tribunal. Lá, informou-o que os
advogados dos seguranças, cuja
defesa é custeada pela família Farias, "poderiam" entrar com o pedido de habeas corpus no domingo. Numa decisão que provocou
irritação em alguns desembargadores e juízes, Manso deferiu uma
liminar que resultou na libertação
dos seguranças na segunda-feira.
Augusto Farias e o presidente do
TJ de Alagoas são antigos conhecidos. O deputado já foi à casa do desembargador. Manso também era
amigo de PC.
A amizade e a conversa de sexta-feira foram confirmadas ontem
por Orlando Manso, em entrevista
no seu gabinete.
Ele também reconheceu que tem
"de seis a oito" parentes diretos
empregados em cargos comissionados na Justiça, inclusive uma filha de 17 anos, diretora da biblioteca do tribunal. Ela foi emancipada
pelo pai, que a nomeou, superando
o impedimento da idade para assumir a função.
Na opinião de Manso, a conversa
com Augusto Farias foi "normal".
"Ele veio tratar da questão dos seguranças, mas não sabíamos que a
decisão seria minha."
No domingo, o advogado José
Fragoso Cavalcanti, representante
do grupo empresarial dos Farias e
dos seguranças que estavam presos, viajou 27 km até o município
de Paripueira, onde o presidente
do TJ passava o fim-de-semana.
Fragoso entregou a petição às 15h,
segundo o desembargador.
De acordo com o Código de Organização Judiciária de Alagoas, o
presidente do tribunal só pode
conceder liminar de habeas corpus
em férias coletivas.
Mas Manso se apoiou no artigo
175 do Código de Processo Civil,
que define o domingo como feriado forense. "Quem pode o mais
pode o menos", disse o desembargador, admitindo que o código da
Justiça alagoana se refere exclusivamente a "férias coletivas".
Ele ontem revelou, no entanto,
que só deferiu a liminar nas primeiras horas de segunda-feira, dia
útil em que a Câmara Criminal
normalmente analisaria o habeas
corpus impetrado em favor dos seguranças cuja prisão temporária
havia sido decretada pelo juiz Alberto Jorge Correia.
"Quando o advogado chegou à
minha casa foi uma surpresa", disse o presidente do TJ. "Saí de lá e
fui para Maceió trabalhar."
Manso assumiu o cargo no dia 5
de fevereiro. O juiz Alberto Jorge
Correia decretou a prisão temporária considerando haver indícios
de que os seguranças haviam matado PC.
Em seu despacho, Manso afirmou que a prisão foi "arbitrária,
ilegal e, portanto, inaceitável".
A Folha tentou ouvir o advogado
de Augusto Farias, mas até o começo da noite não obteve resposta.
Cláudio Farias, outro irmão de PC,
disse na semana passada que a família não dará entrevista ao jornal.
Ontem, Cláudia Dantas, suposta
ex-namorada de PC, começou a
depor no fim da tarde. Reclamando de falta de ar condicionado, ela
obrigou os delegados a mudarem o
depoimento da 3ª Delegacia de Polícia para a sede da PF.
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