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SISTEMA FINANCEIRO
Instituição atribui erros a bancos; procurador teme que novo documento seja "maquiagem de ilícitos"
BC repassou lista de remessas com erro
da Sucursal de Brasília
e da Agência Folha
O Banco Central repassou à
Justiça uma lista
com erros nos
nomes de pessoas e empresas
que enviaram
recursos ao exterior pelas chamadas contas CC-5. Segundo o chefe do Departamento de Câmbio do BC, José Maria Carvalho, havia incorreções na
identificação das pessoas que remeteram dinheiro e nos números
de CPF e de CGC da listagem.
O procurador da República em
Cascavel (PR), Celso Antônio Três,
36, que obteve a lista por medida
judicial, afirmou que, se ""houver
uma nova lista, será a prova cabal
de que o Banco Central não é confiável". Declarou ainda temer que
""uma nova lista possa estar maquiada, para escamotear ilícitos".
A lista mostra que, entre 1992 e
1998, foram enviados para fora do
país R$ 104,1 bilhões por empresas
e instituições financeiras e R$ 7,5
bilhões por pessoas físicas. Segundo o BC, esses números estão corretos.
Celso Três foi informado da nova
lista do Banco Central pela Agência Folha. ""Isso é uma brincadeira.
Se for uma tentativa de maquiar a
lista, eles (Banco Central) irão se
dar mal. Vou cruzar uma a uma as
remessas. Uma nova lista só vai
confirmar publicamente o que
sempre tenho afirmado: o Banco
Central não é confiável. Não existe
a mínima confiabilidade", afirmou.
O procurador ganhou na Justiça
o acesso à lista porque investigava
a lavagem de dinheiro na fronteira
do Brasil com o Paraguai.
O chefe do Departamento de
Câmbio afirmou que a responsabilidade pelos erros é dos bancos que
preencheram os formulários eletrônicos enviados ao BC. Ele disse
não ter identificado, até agora, má-fé no procedimento dos bancos,
mas apenas falha humana no
preenchimento dos formulários.
Carvalho declarou que o erro
mais comum é a troca do CPF ou
CGC do remetente dos recursos
pelo CGC do próprio banco -e vice-versa.
Citou o caso de uma empresa de
factoring que, pela listagem anterior enviada à Justiça, havia remetido quase R$ 1 bilhão ao exterior.
O BC fez uma checagem dos valores e verificou que, na realidade, a
remessa dessa empresa foi pouco
superior a R$ 30 mil. A diferença se
referia a remessas do próprio banco. O superdimensionamento dos
valores remetidos pela empresa de
factoring teria se originado na confusão entre o CGC da empresa e o
do banco.
Três disse que já rastreou a empresa e descobriu que ""seus diretores são diretores do banco que empresta o CGC". ""O mais grave é
que esses diretores, quatro no total, desligaram-se da factoring depois das remessas, em uma situação no mínimo estranha", afirmou.
Para Carvalho, é aceitável que o
BC só tenha constatado falhas depois que elas ocorreram, pois, segundo ele, há 206 mil registros de
envio pelas contas CC-5.
O procurador afirmou que a justificativa de Carvalho ""é ridícula".
Segundo ele, vai chegar ""o momento em que o Banco Central vai
culpar um programa de computador pelas remessas ilegais de dinheiro para o exterior".
Três está cobrindo férias na Procuradoria da República em Guarapuava (oeste do Paraná) e disse
não ter sido informado oficialmente da nova lista até a tarde de
ontem.
Desde que conseguiu a lista das
remessas em conta CC-5 para o exterior, Três mantém um funcionário da Procuradoria em Cascavel
na Receita, checando as empresas
que enviaram remessas ao exterior
e a sua situação fiscal.
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