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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Base do governo recebe R$ 206,4 mi de sobras do ano passado
Emendas de aliados levam
mais verba do que oposição
LUCIO VAZ
LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal liberou R$
206,4 milhões para os partidos da
sua base parlamentar e apenas R$
60,7 milhões para as legendas de
oposição, até o dia 30 de junho,
para atender as emendas dos congressistas ao Orçamento da
União. Esse dinheiro estava incluído em restos a pagar -sobra
do Orçamento de 2001.
Cada parlamentar aliado ao governo recebeu em média R$ 621
mil para projetos e obras em seus
redutos eleitorais. Deputados e
senadores de oposição receberam
em média R$ 433 mil.
O partido que mais recebeu dinheiro do Orçamento foi o
PMDB, com R$ 65,1 milhões, o
que representa R$ 748 mil por
parlamentar. Líderes do partido
vinham cobrando do governo a liberação de recursos para a bancada como forma de facilitar o
apoio à candidatura do tucano José Serra à Presidência.
Os recursos previstos em restos
a pagar são reservados (empenhados) até 31 de dezembro do
ano anterior ao seu pagamento.
Grande parte das emendas dos
congressistas é incluída nessa
modalidade de pagamento.
Negociações
O pagamento das emendas de
parlamentares do ano passado foi
negociado pelo então ministro
Arthur Virgílio (Secretaria Geral)
para aprovar o Orçamento da
União deste ano entre o Natal e o
Ano Novo.
Depois, o governo condicionou
a liberação desse dinheiro à aprovação da emenda constitucional
que prorrogou a cobrança da
CPMF (Contribuição Provisória
sobre Movimentação Financeira)
até 2004 no Congresso.
As emendas individuais, em sua
maioria, têm apelo eleitoral. Viabilizam a compra de ambulâncias, ônibus escolares e a construção de postos de saúde, quadras
esportivas, casas populares e pontes. A liberação de restos a pagar
não sofre restrições da legislação
eleitoral, que proíbe o repasse voluntário de verba três meses antes
da eleição -o primeiro turno será realizado no dia 6 de outubro.
O PFL -que se declarou independente, mas continuou votando a favor dos projetos do governo- recebeu R$ 57,8 milhões
(média de R$ 596 mil por congressista). O PSDB, partido do
presidente Fernando Henrique
Cardoso, ganhou R$ 56,4 milhões
(média de R$ 594 mil). O PPB recebeu R$ 27 milhões.
Os parlamentares do PT, maior
partido de oposição, receberam
R$ 24 milhões para atendimento
de suas emendas ao Orçamento
(média de R$ 417 mil). O PL, que
indicou o vice do petista Luiz Inácio Lula da Silva, ficou com R$ 7,3
milhões (média de R$ 334 mil).
O bloco PC do B/PSB ficou com
R$ 13 milhões (média de R$ 484
mil). O bloco PDT/PPS, que apóia
o candidato Ciro Gomes, recebeu
R$ 16,1 milhões (média de R$ 575
mil).
Quadras esportivas
Para reforçar o atendimento aos
congressistas, o governo também
intensificou o empenho das
emendas ao Orçamento de 2002.
Foram reservados R$ 430 milhões
em junho e mais R$ 352 milhões
nos primeiros cinco dias deste
mês. Só para a construção de quadras esportivas foram feitos empenhos no valor de R$ 96 milhões,
na semana passada.
Mais R$ 58 milhões foram reservados para a instalação e reforma de unidades de saúde. O dinheiro que não foi reservado até o
último sábado só poderá ser empenhado depois das eleições.
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