EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA

Numa semana de virtual turbulência em Santo André (SP) devido aos depoimentos dos três principais acusados pelo Ministério Público de arrecadar propina de empresários do setor de transporte para financiar campanhas petistas, o presidente da CPI, o vereador Antônio Leite (PT), promete colocar em discussão outro assunto polêmico: a possibilidade de a comissão solicitar à Justiça as fitas gravadas pela PF com conversas entre petistas da cidade.
O caso das gravações das fitas tem provocado um confronto entre as cúpulas do PT e da Polícia Federal. Os petistas acusam a Polícia Federal de ter feito espionagem política contra dirigentes petistas por meio de grampos telefônicos, usando como argumento a investigação do narcotráfico.
A PF alega que as escutas foram legais e estariam respaldadas num pedido formal de Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à Presidência, e pelo deputado federal José Dirceu, presidente nacional do PT, para investigar o assassinato do prefeito petista Celso Daniel.
A pauta será apresentada pelo presidente da CPI ainda nesta semana aos outros quatro vereadores da comissão, todos da base de sustentação do prefeito João Avamileno (PT). Nas palavras do porta-voz da campanha de Lula, André Singer, "o PT apoiará qualquer iniciativa tomada pela sua bancada [em Santo André, ao ser questionado pela Agência Folha sobre a possibilidade de as fitas serem solicitadas pela CPI"".
Apesar de afirmar que discutirá a utilização das fitas, Leite teme que o material possa ser editado. "Elas [as fitas" estão dentro de um palco político de controle do governo federal. E se o pessoal [MPF" liberar só uma parte das fitas? E as outras? E se não entregarem? A CPI não vai poder encerrar os trabalhos enquanto eles não entregarem as fitas."
Questionado se acredita que o governo federal utilizará as fitas politicamente, Leite desconversou: "Eu não estou dizendo isso, mas pode acontecer, assim como eles utilizaram o narcotráfico para investigar o Lula". As 40 fitas que conteriam gravações de conversas de petistas estão em poder do Ministério Público Federal.

Fim do caso
O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, disse ontem que não recorrerá ao STF (Supremo Tribunal Federal) da decisão do ministro Nelson Jobim que rejeitou a abertura de inquérito criminal contra o presidente do PT, deputado José Dirceu (SP). "Esse caso para mim acabou", afirmou o procurador-geral.