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Politização de bancos gera insatisfação
Denúncias reacendem pressão por privatização de instituições estaduais e federais; PT é contra mudança
SHEILA D"AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dez anos depois do lançamento do Proes -programa de
socorro financeiro aos bancos
estaduais que consumiu R$ 62
bilhões dos cofres públicos para sanear essas instituições-,
as recentes denúncias de desvio de dinheiro envolvendo o
BRB (Banco de Brasília) e a
Nossa Caixa mostram que a ingerência política não acabou e
reacenderam na área econômica o movimento pela privatização desses bancos.
A tese, porém, esbarra no PT,
que sempre foi contra a privatização. Na contramão dessa corrente, inclusive, o partido e as
demais siglas aliadas ao governo têm conseguido aumentar o
loteamento das instituições
controladas diretamente pela
União, como Banco do Brasil e
Caixa Econômica Federal. A repolitização dos bancos federais
gera insatisfações entre os servidores concursados.
No BB, um grupo de funcionários enviou uma carta anônima ao ministro Guido Mantega
(Fazenda) pedindo que ele revisse a indicação de Milton Luciano dos Santos para a vice-presidência de Varejo e Distribuição -atribuída ao presidente do PT, Ricardo Berzoini.
Ele foi condenado a dois anos
de prisão por uma operação de
crédito feita em 1991 e considerada irregular, mas a pena foi
substituída por trabalho comunitário e, em seguida, suspensa
porque o crime já havia prescrito. Mantega não se manifestou
sobre o assunto, e o BB considera o caso encerrado.
Na Caixa, a disputa política
extrapolou as indicações dos
nomes e chegou às atribuições
de cada um para evitar fortalecimento de alguns aliados e enfraquecimento de outros.
Enquanto nos bancos federais a preocupação é que o loteamento político abra espaço
para maior ingerência do controlador a ponto de comprometer o resultado da instituição
ou, ainda, favorecer aliados,
nos bancos estaduais a situação
está mais avançada.
No BRB, graças às relações
com o ex-presidente da instituição Tarcísio Franklin de
Moura, o ex-governador Joaquim Roriz conseguiu descontar um cheque de R$ 2,23 milhões do BB. Um esquema desvendado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Distrito Federal desviava recursos do
banco por meio de contratos
sem licitação com a Asbace, a
associação dos bancos. O Ministério Público investiga esquema parecido no paulista
Nossa Caixa.
Depois do escândalo, o governador do DF, José Roberto
Arruda, foi negociar com o Banco Central a venda do BRB. O
banco é um dos seis que permaneceram sob controle estadual
depois da onda de intervenções, liquidações e privatizações desencadeada com o
Proes, a partir de 1997, e foi o
único que, na época, não recebeu dinheiro do governo federal para ser saneado.
A proposta inicial do governador do DF era transformar o
BRB num banco de fomento
para financiar investimentos
no Centro-Oeste. O BC, no entanto, não vê com simpatia essa
idéia e prefere a venda. O tema
é considerado delicado no governo porque mexe com bandeiras do PT. Na Fazenda, alguns secretários preferem a privatização dos bancos estaduais remanescentes, mas temem a repercussão negativa.
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