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Ligação entre Pitta e Nahas ajudou a repatriar US$ 1 mi
Dinheiro, segundo a Promotoria, teve origem nos supostos esquemas de desvios ocorridos na gestão do ex-prefeito
Megainvestidor teria sido o responsável por enviar o dinheiro desviado da prefeitura ao exterior, segundo ex-primeira-dama
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A relação entre o ex-prefeito
de São Paulo Celso Pitta e o megainvestidor Naji Nahas, agora
acusados na Operação Satiagraha, não é nova. Ela foi o ponto de partida de uma investigação que conseguiu repatriar,
dois anos atrás, US$ 1 milhão
depositado em contas abertas
em paraísos fiscais.
O dinheiro, de acordo com o
Ministério Público Estadual,
teria origem nos supostos esquemas de desvios de verbas de
obras públicas durante a administração do ex-prefeito em São
Paulo, entre 1997 e 2000. Naji
Nahas seria o responsável por
enviar o dinheiro ao exterior.
Tais afirmações foram feitas
aos promotores paulistas pela
ex-mulher de Pitta, Nicéa Camargo, no dia 11 de dezembro
de 2001. Apesar de os dois acusados negarem veementemente o esquema, foi a partir desse
depoimento que as autoridades
brasileiras conseguiram rastrear o caminho de parte do dinheiro supostamente desviado
e, por fim, repatriá-la.
O Ministério Público paulista diz que ainda não é possível
relacionar o esquema denunciado por Nicéa ao desbaratado
agora pela Polícia Federal.
As autoridades envolvidas na
Operação Satiagraha, porém,
não descartam a possibilidade
de Pitta ainda estar resgatando
quantias de suas supostas contas do exterior, já que foi visto
mais de uma vez no escritório
de Nahas para pegar dinheiro.
Entre 1999 e 2000, a ex-primeira-dama de São Paulo virou
pelo avesso a vida do então prefeito, com diversas acusações
de desvios de verbas públicas.
Pitta chegou a ser afastado do
comando da prefeitura durante
18 dias, mas conseguiu recuperar a cadeira por meio de recurso judicial.
Pitta chegou à prefeitura da
maior cidade do país com o aval
de seu antecessor, o hoje deputado Paulo Maluf (PP), de
quem era secretário de Finanças. A atuação como auxiliar de
Maluf rendeu a ele uma condenação na Justiça, que saiu este
ano, por seu envolvimento no
escândalo dos precatórios. Pitta conseguiu o direito de recorrer da sentença em liberdade.
Também no início do ano, o
ex-prefeito foi condenado novamente, desta vez por fazer
propaganda irregular durante
sua gestão. A sentença, à qual
ainda cabe recurso, o condenou
a devolver R$ 13 milhões aos
cofres municipais. Além disso,
Pitta ainda responde a outras
ações por supostas ilegalidades
cometidas quando estava no
comando do município.
"Consultor"
Depois que deixou a prefeitura, ele ainda tentou incursões
na vida pública. Candidatou-se
duas vezes para a vaga de deputado federal, a última delas pelo
PTB, mas não se elegeu.
Pitta apresenta-se hoje como
"consultor financeiro empresarial". Questionados ontem pela
Folha, seus advogados não
souberam dizer quais são os
clientes do ex-prefeito. Durante alguns anos pós-prefeitura,
ele trabalhou no mesmo escritório de um velho conhecido, o
advogado Edvaldo Brito, secretário de Negócios Jurídicos durante sua administração.
A relação do ex-prefeito com
megainvestidor nunca foi rompida. A proximidade entre eles
pôde ser constada em 1996, um
ano antes de o ex-prefeito assumir a cidade: ele foi ao casamento da filha de Nahas.
Aos 61 anos, Pitta tem hoje
uma nova mulher, a empresária Rony Golabek, proprietária
de loja que importa roupas.
Há dois anos, quando preparava sua candidatura à Câmara
dos Deputados, o ex-prefeito
declarou em entrevista: "Já paguei todos os pecados que uma
pessoa pública pode pagar".
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