PAULO MOTA
da Agência Folha, em Fortaleza


Um grupo de cerca de mil pessoas saqueou ontem o prédio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jaguaruana (183 km ao sul de Fortaleza), levando cerca de 11 toneladas de alimentos que haviam sido doados por sindicatos de São Paulo.
Doze pessoas foram presas durante o saque, mas foram liberadas em seguida. O delegado de Jaguaruana, Raimundo Moreira, disse que libertou os saqueadores "por se tratar de pessoas que vivem em evidente situação de petição de miséria".
Moreira afirmou que não conseguiu identificar militantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) entre os saqueadores. Ele disse que a maioria das pessoas é pobre e mora na periferia e na zona rural da cidade.
Os alimentos saqueados chegaram na sede do sindicato na sexta-feira passada e seriam distribuídos a partir de ontem. Por volta das 7h, a multidão se aglomerou em frente ao sindicato, arrombou suas portas e promoveu o saque.
A polícia só chegou ao local do saque por volta das 9h. Moreira disse que ainda tentou organizar a multidão, sem sucesso. Só conseguiu controlar o saque depois que recebeu reforço policial de cidades vizinhas.
A multidão voltou à sede do sindicato por volta das 15h, levando os alimentos que tinham sobrado. A polícia entrou em ação e prendeu 12 pessoas. Um dos presos sofreu ataque epilético quando foi detido e teve de ser transferido para o hospital da cidade.

Repetição
Este é o segundo saque ocorrido em Jaguaruana neste ano. No início de abril passado, cerca de 500 pessoas invadiram uma creche municipal, levando todo o estoque de merenda escolar.
O prefeito de Jaguaruana, Manoel Barbosa Rodrigues (PSDB), disse que a situação de seca desestruturou a economia da cidade.
Ele calcula que cerca de 5.000 pessoas perderam seus empregos com o fechamento de fábricas de rede e de agroindústrias que funcionavam em Jaguaruana.



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