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AUTO-IMAGEM
Bairros como Jabaquara, Vila Prudente e Sapopemba têm mais eleitores de esquerda do que a média da cidade
Esquerda se concentra próximo ao ABCD
DA REPORTAGEM LOCAL
Jabaquara, Vila Prudente e Sapopemba, regiões de São Paulo
localizadas próximo ao ABCD,
reúnem os eleitores que se declaram mais à esquerda do que a média da cidade.
A influência do ABCD, berço do
petismo e da CUT (Central Única
dos Trabalhadores), pode ser sentida especialmente na Vila Prudente. Muitos metalúrgicos e químicos que trabalham em fábricas
de São Bernardo e Santo André
moram no bairro.
Paulo João da Silva, 56, diz que
vota em Marta Suplicy porque "é
de esquerda, é do PT".
Ex-eletricista da fábrica da
Volkswagen de São Bernardo, ele
hoje é proprietário de um bar na
Vila Prudente.
"Sempre fui petista, sempre fui
de esquerda. Não há lugar mais
esquerdista na cidade do que a Vila Prudente. Aqui é só operário, só
povão", diz ele.
Também na zona leste, na Penha, região que cresceu na primeira metade do século por ter
abrigado operários das fábricas
do Brás, destaca-se o número de
pessoas que se denominam de
centro-esquerda.
Dos que responderam à pergunta sobre posicionamento pessoal, 16% disseram ser de centro-esquerda (13% na média).
Milton Tenório, ex-farmacêutico que hoje vende cachorro-quente no centro do bairro, afirma ser eleitor de Luiza Erundina
(PSB).
"Sou de esquerda, mas não sou
muito chegado a ser comunista.
Prefiro o perfil político de Franco
Montoro, que se assemelha muito
ao de Erundina. Ela negocia, sem
radicalismos." Montoro, morto
em 1999, era considerado de centro.
Ainda na Penha, Margarida
Abreu, professora aposentada,
vota em Marta Suplicy (PT).
"Lá em casa, todo mundo é PT.
Eu, minhas filhas e meu marido,
que trabalha na fábrica da Ford
do Ipiranga", diz.
Perdizes
Região com alto padrão de vida
em comparação à média da cidade de São Paulo, o bairro de Perdizes tem 31% de seus moradores
declarando-se de centro, índice
que já desconta os que não souberam se posicionar ou deram outras respostas. O número é oito
pontos mais alto que a média.
Há também um forte viés de
centro-esquerda na região, que,
de acordo com o critério do Datafolha, engloba ainda Lapa, Pinheiros e Alto de Pinheiros.
Dos habitantes da região, 20%
dos que souberam se posicionar
ideologicamente afirmaram ser
de centro-esquerda. O índice é sete pontos percentuais maior do
que a média da cidade (13%).
O designer gráfico Ademar Assaoka, 53, diz que "vota mais à esquerda", mas está em dúvida entre Marta Suplicy e Erundina.
"Nunca fui de direita. A direita
está sempre dançando conforme
a orquestra", diz Assaoka, que
mora no bairro há dez anos.
Desde o início do século, o bairro abriga moradores de classe média alta. Nos anos 20, pequenos
chacareiros foram substituídos
por profissionais liberais e artistas, que conferiram a Perdizes um
espírito mais "progressista".
A pesquisa Datafolha confirma
esta percepção. Do total de entrevistados nessa área, 54% se declaram progressistas (43% na média
do eleitorado).
O bairro tem 41% de seus moradores com curso superior (na média de São Paulo são 13%). São
29% os que têm renda familiar
mensal de mais de 20 salários mínimos (9% na média).
Claudio Vasques, editor de gravuras, diz que vota em Marta Suplicy. Ele se define como "de centro-esquerda".
"A Marta é uma pessoa ponderada, que sabe negociar e ao mesmo tempo não abre mão de seus
princípios. Acho que ela merece
uma oportunidade, após tantos
anos de malufismo", afirma ele,
que mora na região há 20 anos.
Já o arquiteto Eduardo Kohama, 35, também opta por Marta.
"Já votei na Erundina, mas a Marta se encaixa melhor no que eu
penso. Sou PT, mas não sou xiita.
Sou do tipo progressista", afirma.
(FÁBIO ZANINI)
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