São Paulo, quarta-feira, 09 de agosto de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AUTO-IMAGEM
Bairros como Jabaquara, Vila Prudente e Sapopemba têm mais eleitores de esquerda do que a média da cidade
Esquerda se concentra próximo ao ABCD

DA REPORTAGEM LOCAL

Jabaquara, Vila Prudente e Sapopemba, regiões de São Paulo localizadas próximo ao ABCD, reúnem os eleitores que se declaram mais à esquerda do que a média da cidade.
A influência do ABCD, berço do petismo e da CUT (Central Única dos Trabalhadores), pode ser sentida especialmente na Vila Prudente. Muitos metalúrgicos e químicos que trabalham em fábricas de São Bernardo e Santo André moram no bairro.
Paulo João da Silva, 56, diz que vota em Marta Suplicy porque "é de esquerda, é do PT".
Ex-eletricista da fábrica da Volkswagen de São Bernardo, ele hoje é proprietário de um bar na Vila Prudente.
"Sempre fui petista, sempre fui de esquerda. Não há lugar mais esquerdista na cidade do que a Vila Prudente. Aqui é só operário, só povão", diz ele.
Também na zona leste, na Penha, região que cresceu na primeira metade do século por ter abrigado operários das fábricas do Brás, destaca-se o número de pessoas que se denominam de centro-esquerda.
Dos que responderam à pergunta sobre posicionamento pessoal, 16% disseram ser de centro-esquerda (13% na média).
Milton Tenório, ex-farmacêutico que hoje vende cachorro-quente no centro do bairro, afirma ser eleitor de Luiza Erundina (PSB).
"Sou de esquerda, mas não sou muito chegado a ser comunista. Prefiro o perfil político de Franco Montoro, que se assemelha muito ao de Erundina. Ela negocia, sem radicalismos." Montoro, morto em 1999, era considerado de centro.
Ainda na Penha, Margarida Abreu, professora aposentada, vota em Marta Suplicy (PT).
"Lá em casa, todo mundo é PT. Eu, minhas filhas e meu marido, que trabalha na fábrica da Ford do Ipiranga", diz.

Perdizes
Região com alto padrão de vida em comparação à média da cidade de São Paulo, o bairro de Perdizes tem 31% de seus moradores declarando-se de centro, índice que já desconta os que não souberam se posicionar ou deram outras respostas. O número é oito pontos mais alto que a média.
Há também um forte viés de centro-esquerda na região, que, de acordo com o critério do Datafolha, engloba ainda Lapa, Pinheiros e Alto de Pinheiros.
Dos habitantes da região, 20% dos que souberam se posicionar ideologicamente afirmaram ser de centro-esquerda. O índice é sete pontos percentuais maior do que a média da cidade (13%).
O designer gráfico Ademar Assaoka, 53, diz que "vota mais à esquerda", mas está em dúvida entre Marta Suplicy e Erundina.
"Nunca fui de direita. A direita está sempre dançando conforme a orquestra", diz Assaoka, que mora no bairro há dez anos.
Desde o início do século, o bairro abriga moradores de classe média alta. Nos anos 20, pequenos chacareiros foram substituídos por profissionais liberais e artistas, que conferiram a Perdizes um espírito mais "progressista".
A pesquisa Datafolha confirma esta percepção. Do total de entrevistados nessa área, 54% se declaram progressistas (43% na média do eleitorado).
O bairro tem 41% de seus moradores com curso superior (na média de São Paulo são 13%). São 29% os que têm renda familiar mensal de mais de 20 salários mínimos (9% na média).
Claudio Vasques, editor de gravuras, diz que vota em Marta Suplicy. Ele se define como "de centro-esquerda".
"A Marta é uma pessoa ponderada, que sabe negociar e ao mesmo tempo não abre mão de seus princípios. Acho que ela merece uma oportunidade, após tantos anos de malufismo", afirma ele, que mora na região há 20 anos.
Já o arquiteto Eduardo Kohama, 35, também opta por Marta. "Já votei na Erundina, mas a Marta se encaixa melhor no que eu penso. Sou PT, mas não sou xiita. Sou do tipo progressista", afirma. (FÁBIO ZANINI)

Texto Anterior: Perfil Eleitoral de SP
Paulistano tende para a direita

Próximo Texto: Esquerdista rejeita voto no PT
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.