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Valério detalhará os saques, diz advogado
SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
Acusado de ser o operador do
suposto esquema do "mensalão",
o publicitário mineiro Marcos
Valério Fernandes de Souza deverá detalhar hoje, em depoimento
à CPI do Mensalão, como repassou dinheiro clandestino para
partidos políticos. Além de não
poupar José Dirceu, ex-ministro
da Casa Civil, ele deve dar detalhes do dinheiro destinado ao publicitário Duda Mendonça.
Nas palavras do seu advogado,
Marcelo Leonardo, o publicitário
pretende fazer uma "reprodução"
no Congresso do seu último depoimento dado à Procuradoria
Geral da República. Na ocasião,
Valério complicou o ex-ministro
José Dirceu e apontou uma lista
de sacadores dos recursos de suas
empresas de publicidade, que incluem nomes de deputados e dirigentes partidários.
"A linha [do depoimento] será
uma reprodução dos esclarecimentos que ele prestou à Procuradoria. Naquela oportunidade, ele
forneceu a relação de empréstimos feitos em bancos, de valores e
de beneficiados pelos empréstimos ao PT", disse o advogado.
Segundo o advogado, a principal diferença entre os depoimentos dados à CPI dos Correios, em
julho, e o de hoje é que, na época,
"ele ficou aguardando o PT assumir os fatos". Hoje, Valério deverá dar detalhes de como eram repassados os recursos ao PT.
A intenção de Valério é tentar
provar que o dinheiro emprestado às suas empresas, cerca de R$
56 milhões, chegaram às mãos de
uma lista de pessoas indicadas pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio
Soares, em concordância com a
versão dada pela gerente administrativa da agência SMPB Comunicação, Simone Vasconcelos. "[Os
recursos] foram entregues por ele
ao Delúbio e às pessoas que o Delúbio indicou e, várias delas, por
intermédio da Simone, o que ela
já esclareceu, sobre aquele pessoal
que recebeu pelo Banco Rural",
afirmou o advogado.
O publicitário mineiro também
não deverá poupar José Dirceu,
afirmando que manteve reuniões
com o petista na Casa Civil e que
ele dava respaldo aos empréstimos tomados com os bancos. Ao
Conselho de Ética da Câmara,
Dirceu negou envolvimento com
os empréstimos bancários.
Outro ponto que será abordado
por Valério será o repasse de R$
15,5 milhões feitos entre fevereiro
e novembro de 2003, destinado ao
publicitário Duda Mendonça, responsável pela campanha que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva. Duda nega os saques.
A versão de Valério é que o dinheiro tinha dois caminhos para
chegar até Duda Mendonça. Um
deles era por meio de saques da
sócia de Duda, Zilmar Silveira,
que pegava o dinheiro das mãos
do policial civil David Alves. O
outro seria por meio do consultor
financeiro Jader Kalid Antonio,
responsável por entregar o dinheiro a Duda. A polícia suspeita
que ele seja doleiro. Kalid também usava Alves, um outro policial, chamado Luis Costa Lara, e o
churrasqueiro Francisco de Assis
para saques em Minas Gerais.
Colaborou a Agência Folha
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