|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ "AFTER HOURS"
Empresário afirma, em depoimento à PF, ter contratado seis garotas de programa para duas festas a pedido do publicitário
Ex-sócio de Valério diz que acionou cafetina
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O empresário Ricardo Penna
Machado disse ontem, em depoimento na Polícia Federal, que, por
solicitação de seu ex-sócio Marcos Valério de Souza, organizou
duas festas na suíte presidencial
do hotel Gran Bittar em Brasília.
Na primeira delas, dia 9 de setembro de 2003, Machado acionou os serviços da cafetina Jeany
Mary Corner, por meio da qual teria selecionado seis acompanhantes femininas para o evento -cujo propósito não seria de seu conhecimento. A segunda festa foi
no dia 5 de novembro do mesmo
ano, em comemoração ao aniversário do ex-secretário-geral do PT
Silvio Pereira. Seria uma surpresa.
No entanto, segundo Machado,
Silvio teria descoberto tudo e não
teria comparecido. Ele não soube
explicar por que comemorar em
novembro se o aniversário do petista, hoje afastado do cargo por
seu suposto envolvimento com o
"mensalão", é em maio.
O nome de Jeany apareceu durante o depoimento da diretora financeira da SMPB, Simone Vasconcelos, na CPI dos Correios, na
semana passada. O senador Demóstenes Torres (PFL-GO) perguntou a Simone se ela conhecia a
"cafetina Jeany". Simone negou.
Machado disse que recebeu de
Valério o telefone para contato
com Jeany, que lhe apresentou, na
véspera da festa, cerca de oito mulheres. Depois de jantar com elas,
Machado teria feito a escolha das
seis. O empresário, porém, disse
não saber se elas foram à festa,
pois teria ficado por conta de Valério fazer o acerto final. Jeany será convocada para depor na PF.
No depoimento, Machado, que
estava hospedado no hotel em
ambas as ocasiões, disse não ter
participado das festas. As contas
pagas somam cerca de R$ 27 mil.
A conta teria sido paga pela
MultiAction, na qual Machado
era sócio de Valério até outubro
de 2004. A principal atividade da
empresa seria promover eventos
à DNA e à SMPB, comandadas
por Valério. Depois, mediante um
acerto de contas interno, as agências ressarciriam a MultiAction.
O empresário Marcos Valério
soltou uma nota ontem. Por meio
de sua assessoria de imprensa,
Valério diz que "repudia as declarações do senhor Ricardo Machado de que tenha colaborado ou financiado a realização de festas
para políticos com a participação
de garotas de programa".
Fala que já se hospedou no Gran
Bittar, em viagem a trabalho,
"mas enfatiza que nunca esteve
em festas, não conhece e nunca
viu a senhora Jeany, tida como
agenciadora de prostitutas".
Mesmo informado sobre o teor
da nota de seu ex-sócio, Machado
manteve o teor do depoimento.
Fernanda Karina, ex-secretária
de Valério, disse à Folha que o
empresário solicitara a ela que reservasse a suíte presidencial em
duas ocasiões. Uma das quais, ela
"acha", para comemorar a vitória
de licitação com o BB.
A assessoria de imprensa da
DNA disse que a agência "não fez
nenhuma festa em Brasília para
comemorar o contrato com o BB
e não autorizou o senhor Ricardo
a alugar suítes no hotel Gran Bittar para esse fim". Ainda conforme a assessoria, Karina nunca
pertenceu aos quadros da DNA.
Na agenda que entregou à PF, a
ex-secretária de Valério registrou,
no dia 30 de outubro de 2003,
uma referência à "suíte VIP - 15º
andar - no Gran Bittar".
Texto Anterior: Valério detalhará os saques, diz advogado Próximo Texto: Sócios da DNA negam ligação com esquema Índice
|