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Sócios da DNA negam ligação com esquema
JANAÍNA LEITE
ENVIADA ESPECIAL A BELO HORIZONTE
Os publicitários Francisco Castilho e Margareth Freitas negaram
ontem qualquer ligação com o esquema de repasse de recursos a
políticos operado por Marcos Valério de Souza. Os dois são sócios
de Valério na DNA. À Folha, demonstraram apreensão quanto
ao futuro da empresa e se disseram envergonhados pelos problemas que respingaram na DNA.
"As pessoas estão com vergonha de dizer que trabalham aqui
e, até há pouco tempo, a DNA era
o sonho de consumo de dez entre
dez publicitários. De uma hora
para outra todo o trabalho foi jogado no lixo. Eu me pergunto:
"Como assim?'", disse Margareth.
"Só o tempo vai dizer o que
acontecerá com a DNA. Mas vamos lutar até o fim. Não tenho um
patrimônio grande. Tenho de trabalhar", emendou Castilho.
Ambos, contudo, negam que se
sintam traídos por Valério. Acreditam que ele não foi o responsável pela destruição de notas fiscais
da DNA. "Seria o único motivo
pelo qual ele poderia ser preso. Ele
não faria isso", disse Margareth.
Apesar do voto de confiança,
Castilho e Margareth querem a
dissolução da sociedade com Valério o mais rápido possível. Os
sócios ainda discutem como o
contrato da empresa será desfeito.
A DNA nasceu em 1982 e é hoje
a maior agência de Minas Gerais.
Tem vários prêmios, até mesmo
uma indicação em Cannes, e atende a órgãos públicos desde 1991.
Por isso Castilho e Margareth
querem manter a marca DNA.
Valério entrou na sociedade em
1998. Depois que as ligações dele
com a cúpula do PT vieram à tona, a agência perdeu os contratos
com Eletronorte (R$ 12 milhões),
Ministério do Trabalho (R$ 15 milhões) e Banco do Brasil (R$ 200
milhões divididos com outras
duas agências). Também ficou
sem a conta das secretarias de
Saúde e Meio Ambiente do governo de Minas (R$ 3,6 milhões).
Hoje são 87 funcionários em Belo Horizonte e cinco em Brasília;
34 foram demitidos na capital federal por conta do escândalo.
Castilho e Margareth também
negaram ser apadrinhados do
Grupo Opportunity, administrador da Telemig e da Amazônia
Celular. As duas empresas são alvo das investigações por conta das
lambanças contábeis de Valério.
"Fomos contratados na época em
que a canadense TIW era a gestora", disse Castilho. A Telemig e a
Amazônia Celular fizeram créditos vultosos na conta da DNA.
Eles também negaram interferência nos negócios da DNA vinda do PT. "Nunca ouvimos o Valério falar do [ex-]ministro José
Dirceu", disse Margareth.
Os publicitários sustentaram
que era Valério quem cuidava das finanças da DNA e que não sabiam de saques feito por políticos
nas contas da empresa.
Porém, saques destinados a petistas foram feitos nas contas da
DNA. Em janeiro de 2004, por
exemplo, um mensageiro -sob
ordens do ex-diretor do Banco do
Brasil Henrique Pizzolato- pegou R$ 327 mil da conta da empresa no Banco Rural.
De acordo com o que Valério
disse à PF, o destinatário seria o
ex-presidente da Casa da Moeda
Manoel Severino.
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