São Paulo, terça-feira, 09 de agosto de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PT X PT

Presidente do partido diz que participação da antiga maioria nas decisões impede transição na legenda e ameaça desistir de candidatura

Desgastado, Tarso reclama da ação de Dirceu

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O presidente nacional do PT, Tarso Genro, afirmou ontem que não gostou da participação do deputado José Dirceu durante reunião do diretório nacional do partido, no sábado.
"Ele tem o direito de participar da reunião, ele é membro do diretório nacional, ele não foi expulso, não foi suspenso e não pediu licenciamento. Mas eu gostaria efetivamente que ele não tivesse participado", disse Tarso, em entrevista ao programa "Atualidade", da Rádio Gaúcha.
Tarso viajou ontem a Brasília disposto a cobrar do partido apoio nessa transição. Do contrário, poderá desistir de se candidatar à presidência do partido.
Hoje, ele se reúne com a bancada do PT na Câmara e com o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (SP): "Ele [Tarso] vai querer apoio do partido para dar prosseguimento a seu trabalho no momento de crise", disse Mercadante, que convidou Tarso para a presidência na transição.
Desde que assumiu, Tarso tem problemas com o Campo Majoritário, tendência que controla o PT. Interessado em atrair a esquerda, tenta atuar com independência, mas é detido pelo Campo.
"Quem está gerindo, na verdade, o futuro do partido ainda é a antiga maioria. Se isso permanecer, impede, de fato, uma transição com autonomia, soberania, com respeito a todas as posições", disse o atual presidente do PT.
Segundo Tarso, isso pode até mesmo "impedir" sua "apresentação" como candidato à presidência do PT.
Ele é candidato do Campo Majoritário, tendência da qual faz parte também José Dirceu, na eleição marcada para 18 de setembro. Tarso confirmou sua participação na semana passada.
Como antecipou a Folha, Tarso tem repetido que aceitou concorrer sob condições e que, caso a "antiga maioria" do PT continue a interferir, não será possível a transição a que ele se propõe.
"Erramos muito em desqualificar a crise ou os denunciantes. No momento em que o ex-ministro Tarso Genro assume a presidência do PT, acho que o que aconteceu no final de semana cria vulnerabilidade com relação a ele", disse ontem o senador Delcídio Amaral (PT-MT), presidente da CPI dos Correios, no "Roda Viva", da TV Cultura.
Candidato da Articulação de Esquerda e vice-presidente petista, Valter Pomar repete o que disse ter recomendado ao próprio Tarso: "Ele não tem condições de ficar nessa situação. Não tem o apoio da esquerda nem o do campo majoritário. Ou ele abre mão da candidatura ou do discurso de renovação".


Colaborou CATIA SEABRA, da Reportagem Local


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