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NOVAS CONEXÕES
Gráfica de metalúrgicos recebeu da DNA
RUBENS VALENTE
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A DNA Propaganda, agência
mineira que tem o publicitário
Marcos Valério Fernandes de
Souza como sócio, contratou a
gráfica de uma associação beneficente dos metalúrgicos de São
Bernardo do Campo, no ABC
paulista, berço do PT, para a impressão de 1,5 milhão de folhetos
para o Banco do Brasil.
A associação, proprietária da
Gráfica FG (Fundo de Greve),
nunca trabalhou antes ou depois
para qualquer outra instituição
bancária. No entanto, em setembro de 2003, foi procurada para
realizar o trabalho de impressão,
segundo o atual presidente da entidade, Tsukassa Isawa, que também é diretor do Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC. "Não lembro o nome da pessoa [que procurou a gráfica], deve ser da DNA."
Sobre a escolha, afirmou: "Não
faço idéia. Tem de perguntar para
a DNA Propaganda. Nós nunca tínhamos trabalhado para o Banco
do Brasil. Para nenhum banco, na
verdade. (...) Não sei como [ocorreu]. Alguém apareceu querendo
cotar. Enviamos a cotação".
Para a aprovação do serviço, a
DNA enviou ao Banco do Brasil
propostas de três gráficas: a de
São Bernardo do Campo e duas
de Brasília. O Banco do Brasil diz
ter escolhido a mais barata, de R$
135 mil (a diferença de R$ 11 mil
foi a comissão da DNA).
Isawa e o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José
Lopez Feijó (este, sob alegação de
"sigilo empresarial"), não informaram quais são os clientes da
gráfica, a relação das fontes de receita da associação nem o número
de funcionários da gráfica.
A associação dos metalúrgicos
de São Bernardo do Campo, onde
o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva iniciou sua trajetória sindical, nasceu na década de 80, como
parte de um fundo de greve.
Segundo dados da CPI dos Correios, o depósito ocorreu em
2003, em nome da Associação Beneficente e Cultural dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo.
OUTRO LADO
A assessoria do Banco do Brasil
confirmou a contratação da associação dos metalúrgicos. Foi emitida uma nota fiscal em outubro
de 2003. Segundo o BB, os folhetos eram uma campanha de esclarecimento sobre mudanças nos
terminais de auto-atendimento.
A associação enviou à Folha cópias da nota fiscal, da proposta de
trabalho, dos comprovantes de
entrega do material, no BB, e de
um exemplar do folheto.
O presidente do sindicato dos
metalúrgicos, José Lopez Feijó,
disse que a associação é uma "associação de caráter privado, com
CNPJ diferente" do sindicato, e
"de administração independente". Feijó afirmou também que
"todos os dados sobre os fatos"
foram enviados à reportagem.
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