São Paulo, terça-feira, 09 de agosto de 2005

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NOVAS CONEXÕES

Gráfica de metalúrgicos recebeu da DNA

RUBENS VALENTE
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A DNA Propaganda, agência mineira que tem o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza como sócio, contratou a gráfica de uma associação beneficente dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, berço do PT, para a impressão de 1,5 milhão de folhetos para o Banco do Brasil.
A associação, proprietária da Gráfica FG (Fundo de Greve), nunca trabalhou antes ou depois para qualquer outra instituição bancária. No entanto, em setembro de 2003, foi procurada para realizar o trabalho de impressão, segundo o atual presidente da entidade, Tsukassa Isawa, que também é diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. "Não lembro o nome da pessoa [que procurou a gráfica], deve ser da DNA."
Sobre a escolha, afirmou: "Não faço idéia. Tem de perguntar para a DNA Propaganda. Nós nunca tínhamos trabalhado para o Banco do Brasil. Para nenhum banco, na verdade. (...) Não sei como [ocorreu]. Alguém apareceu querendo cotar. Enviamos a cotação".
Para a aprovação do serviço, a DNA enviou ao Banco do Brasil propostas de três gráficas: a de São Bernardo do Campo e duas de Brasília. O Banco do Brasil diz ter escolhido a mais barata, de R$ 135 mil (a diferença de R$ 11 mil foi a comissão da DNA).
Isawa e o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijó (este, sob alegação de "sigilo empresarial"), não informaram quais são os clientes da gráfica, a relação das fontes de receita da associação nem o número de funcionários da gráfica.
A associação dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou sua trajetória sindical, nasceu na década de 80, como parte de um fundo de greve.
Segundo dados da CPI dos Correios, o depósito ocorreu em 2003, em nome da Associação Beneficente e Cultural dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo.

OUTRO LADO
A assessoria do Banco do Brasil confirmou a contratação da associação dos metalúrgicos. Foi emitida uma nota fiscal em outubro de 2003. Segundo o BB, os folhetos eram uma campanha de esclarecimento sobre mudanças nos terminais de auto-atendimento.
A associação enviou à Folha cópias da nota fiscal, da proposta de trabalho, dos comprovantes de entrega do material, no BB, e de um exemplar do folheto.
O presidente do sindicato dos metalúrgicos, José Lopez Feijó, disse que a associação é uma "associação de caráter privado, com CNPJ diferente" do sindicato, e "de administração independente". Feijó afirmou também que "todos os dados sobre os fatos" foram enviados à reportagem.


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