São Paulo, terça-feira, 09 de agosto de 2005

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

De cinema

Fátima Bernardes e William Bonner voltaram das férias e mudaram de assunto, ao abrir a escalada de manchetes do "Jornal Nacional":
- Um roubo milionário. Um túnel de 80 metros leva assaltantes ao cofre e R$ 150 milhões somem do escritório do Banco Central em Fortaleza.
Na manchete da Folha Online, à tarde, foi um "assalto milionário", aliás, "o maior já ocorrido no país". A Globo News tachou de "roubo de cinema".
O roteiro do filme, segundo a narração do "JN":
- Em maio, a quadrilha alugou uma casa que fica a menos de 200 metros do banco. O negócio de grama sintética era só fachada. Os vizinhos nunca desconfiaram. O túnel começa num quarto, que fica no quintal da casa, e desce a uma profundidade de quatro metros.
Sobre as imagens:
- O túnel atravessa o quarteirão e uma avenida, antes de chegar exatamente onde o dinheiro estava guardado. Os assaltantes ainda tiveram que passar por uma barreira de um metro de espessura, um piso feito de concreto e malha de aço.
É claro que "no interior do cofre há sensores de movimento, mas eles não fizeram o alarme disparar". E que "as câmeras do circuito interno também não gravaram a invasão".
Era um golpe hollywoodiano.
 
Não demorou e "o maior roubo da história do Brasil" estava na home page do espanhol "El País" e no site do americano "Wall Street Journal".
O do argentino "Clarín" disse que foi "em Recife".
O do americano "Washington Times" abriu seu texto a um passo de louvar o "grupo de audaciosos ladrões de banco brasileiros", que passou meses "movendo sacos de areia".

CORRIDA NUCLEAR

Reprodução
No "Fantástico", explosão e o "campo de provas" em 86

Nem assalto "de cinema" nem escândalo, o que mais ecoou no exterior foi a confirmação por José Sarney dos planos para explodir uma bomba atômica, 20 anos atrás. Explica-se pelas manchetes dos sites: o "NYT" destacou a retomada do programa nuclear iraniano; o "Washington Post", os planos dos EUA para o caso de ser atacado; o "Financial Times", o recorde do petróleo por causa do temor de ataques.
Daí os despachos sobre um Brasil de 1986 ganharem importância, também para CNN e BBC e sites como o "Clarín", com enunciados como "Ditadura brasileira queria a bomba atômica".
 
É a reportagem do "Fantástico" com o ex-presidente, que explicou por que mentiu, à época, sobre o "campo de provas da Serra do Cachimbo":
- Seria a revelação de que o país estava participando da corrida nuclear. A minha função era resguardar qualquer problema com a Argentina.
A Folha Online registrou o que o programa omitiu -que "em agosto de 86 a Folha publicou reportagem da jornalista Elvira Lobato que descrevia a construção do poço para testes nucleares".

Exibição de força
No fim de semana, no dizer da Globo News, o ex-ministro já fez "exibição de força na reunião do PT". Ontem, mais uma vez, agora na Câmara e para a primeira manchete de Boris Casoy, no "Jornal da Record":
- Severino segura pedido para cassar José Dirceu.

Audodestruição
A "força" do ex-ministro acuou a esquerda, a começar de Tarso Genro, que retornou à TV, da Gazeta à Globo, para negar relações com o "valerioduto" -e deixar recado para Dirceu não ir mais às reuniões. O resto da esquerda petista reagiu com Ivan Valente na Band, Plínio de Arruda Sampaio e Valter Pomar no "JN" etc.
Para Alexandre Garcia, no "Bom Dia Brasil", o PT vive uma "epidemia autodestrutiva".

Lula faz
Enquanto o PT se autodestrói, Lula faz manchetes com palavras, dia após dia.
As de ontem, do "Café com o Presidente", no rádio e reproduzidas na TV, ganharam leituras diversas. Na Folha Online, "Lula diz que não é possível apressar as investigações". No Globo Online, "Lula: se alguém falhou, tem de pagar".
Na escalada do "JN":
- O presidente Lula avisa aos críticos: ainda vai viajar muito para inaugurar obras.

Gushiken fala
Luiz Gushiken também apelou ao rádio para voltar à cena. O ex-ministro falou a CBN e Eldorado, defendeu investigação dos fundos de pensão -e disse que eles só surgiram no noticiário por seu conflito com o banqueiro Daniel Dantas.


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