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Arquivos de ditaduras são tema de projeto
DA SUCURSAL DO RIO
Dos principais regimes
militares sul-americanos recentes, só são conhecidos arquivos secretos significativos do Paraguai (1954-89) e
do Brasil (1964-85).
Os únicos com acesso amplo ao público são os das polícias políticas do Rio e de
São Paulo -no Paraguai, a
Justiça ainda está com os papéis encontrados em 1992.
Na Argentina (1976-83),
no Chile (1973-89) e no Uruguai (1973-84), há pouquíssimos documentos confidenciais conhecidos. Não se
sabe se o resto foi destruído
ou está escondido.
No mundo, são diversos os
tratamentos dados aos arquivos de extintos serviços
de segurança de Estado em
antigos regimes repressivos.
Na Rússia, os arquivos do
KGB, polícia política comunista da antiga União Soviética, são os "mais espetaculares, considerando repressão
pura e simples".
Os documentos do KGB e
da Stasi, polícia secreta da
ex-Alemanha Oriental, são
os mais conservados do
mundo, considerando regimes antidemocráticos.
"A possibilidade de trabalhar nos arquivos da Stasi é
muito maior, devido aos
meios, à disponibilidade, ao
pessoal. Não há lugar melhor no mundo para pesquisar hoje que a Alemanha."
As informações e as análises são do historiador Antonio González Quintana, 42,
coordenador dos Arquivos
Militares da Espanha, órgão
do Ministério da Defesa.
Quintana é uma das maiores autoridades mundiais no
estudo de arquivos secretos
de governos repressivos. Em
1994 e 1995, dirigiu o projeto
sobre o tema desenvolvido
pela Unesco, órgão ligado às
Nações Unidas.
O pesquisador espanhol
fará uma conferência às
10h30 de segunda-feira, sobre o tema "Arquivos e ditaduras no mundo contemporâneo", na mostra no Rio.
O projeto da Unesco analisou arquivos de cerca de 20
países, incluindo a ex-União
Soviética, a antiga Alemanha
Oriental, o regime de segregação racial da África do Sul,
as ditaduras franquista (Espanha) e salazarista (Portugal), a Grécia e países sul-americanos.
"Não se tem idéia da importância dos arquivos até
que os países se encontrem
em processos de transição
política. Isso tanto pela sua
existência, como na Alemanha, como por sua inexistência, como no Chile."
No Brasil, os principais arquivos secretos, das Forças
Armadas e do extinto SNI
(Serviço Nacional de Informações), nunca vieram a
público.
(MM)
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