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Ministra vê desespero em carta de FHC
EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A CANOAS (RS)
Ao responder em nome
do governo à carta aberta
do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e
mais uma vez sugerir a
certeza da reeleição do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil)
disse ontem em Canoas
que a manifestação do tucano é um sinal de "desespero" e da falta de "dignidade" num "momento de
derrota", com "resquício
do processo ditatorial que
impregnou este país durante muito tempo".
Em entrevista na refinaria Alberto Pasqualini, a
ministra também disse
que FHC "perdeu a cabeça" ao partir para ataques
pessoais a Lula: "A gente
lamenta muito o nível em
que os debates e as acusações pessoais são postos".
Ontem, Dilma foi escalada por Lula para discursar em seu lugar na cerimônia para liberação de
recursos do BNDES à refinaria. O presidente, que
usou o local para um encontro com o colega uruguaio Tabaré Vázquez, não
quis dar entrevista. Segundo Dilma, "o presidente
Lula não pretende responder a essa provocação (...)
para não baixar o nível da
campanha". "Lamentamos que uma pessoa que é
responsável por essa maturidade democrática (...)
neste momento eleitoral
perca a cabeça e parta para
ataques pessoais."
A ministra reagiu ao fato
de FHC chamar Lula de
"papai-presidente", numa
referência ao programa
Bolsa-Família. "Essa qualificação e esse nível de debate é muito característico
de pessoas desesperadas
em momentos de derrota.
Eu, que já fui muitas vezes
derrotada, até porque fui
presa [na ditadura], acho
que a gente aprende muito
quando tem a dignidade
diante da derrota."
Ela ironizou FHC ao dizer que o ex-presidente
tem "méritos" por admitir
os erros que conduziram
ao apagão de 2001. "Esse
erro não é necessário ser
reconhecido. O Brasil inteiro sofreu esse erro. É
mérito se você reconhece.
Agora não acho que isso
compense certas características da carta que não
são muito recomendáveis
para um ex-presidente."
Sobre a possibilidade de
vitória de Lula no primeiro turno, disse: "Eu acho
que esse processo, que em
alguns momentos se depreende de algumas afirmações que o povo vota
mal, é uma lembrança, é
uma reminiscência, é um
resquício do processo ditatorial que impregnou esse país durante muito
tempo. A gente acaba com
a ditadura, mas a gente leva tempo para acabar com
as conseqüências dela".
O senador Aloizio Mercadante disse em Bauru
que FHC está aflito por
não ter lugar na campanha: "Eu entendo a angústia do FHC. Ele governou o
Brasil por oito anos e nenhum candidato do PSDB
quer ele no palanque".
Colaborou BRUNO MESTRINELLI, em colaboração para a Agência Folha
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