São Paulo, sexta-feira, 09 de outubro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Amorim indica embaixador na Argentina

Ênio Cordeiro, subsecretário-geral do Itamaraty para a América do Sul, irá ocupar a vaga, recusada pelo embaixador Ruy Nogueira

Nogueira, amigo de Amorim há mais de 50 anos, disse que preferia continuar em Brasília como subsecretário de cooperação comercial


ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

O embaixador Ênio Cordeiro, atual subsecretário-geral do Itamaraty para América do Sul, irá para a Embaixada do Brasil em Buenos Aires -a segunda em importância estratégica para o Brasil, depois da de Washington. O "agrément" (a aceitação) foi concedido quase que automaticamente pelo governo argentino, ontem.
Cordeiro foi escolhido depois que o preferido do chanceler Celso Amorim, embaixador Ruy Nogueira, recusou o cargo. Ele preferiu ficar na Subsecretaria-Geral de Cooperação e de Promoção Comercial, terceiro cargo na hierarquia do Itamaraty. "Eu disse ao ministro que posso render mais onde estou e que gostaria de ficar em Brasília e no mesmo cargo até o final do governo. Ele gentilmente aceitou", disse Nogueira, amigo de Amorim desde a adolescência, há mais de 50 anos.
A segunda opção foi Ênio Cordeiro, um dos principais negociadores brasileiros na Unasul (União de Nações Sul Americanas). Neste ano, ele atuou diretamente na crise aberta com a ampliação da presença militar norte-americana na Colômbia e no envolvimento do Brasil em Honduras -o presidente deposto, Manuel Zelaya, está abrigado na embaixada brasileira.
Cordeiro foi o primeiro embaixador a ser avisado de que Zelaya havia pedido abrigo à embaixada e acabou articulando a comunicação entre Amorim, que estava em Nova York, e a assessoria da Presidência.
Danças de cadeiras são normais na rotina do Itamaraty. A de agora ocorre porque o secretário-geral, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, completa 70 anos, idade limite para permanência no serviço ativo da carreira diplomática.
Ele é cotado para ser ministro da SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos), vaga desde que o titular, Roberto Mangabeira Unger, voltou aos EUA, no final de junho, para reassumir sua cadeira de professor na Universidade Harvard. A nomeação, porém, depende diretamente do presidente Lula.
A partir da vaga do secretário-geral, segundo cargo em importância no Itamaraty, depois apenas do próprio ministro, Amorim decidiu mexer outras peças no tabuleiro, trazendo de volta ao Brasil o embaixador do Brasil em Washington, Antonio Patriota, que é da sua confiança direta e irá substituir Pinheiro Guimarães.
Para o lugar de Patriota irá o embaixador em Buenos Aires, Mauro Vieira, igualmente do círculo mais próximo do chanceler. E, enfim, para o lugar de Vieira, irá Ênio Cordeiro, depois que Ruy Nogueira preferiu ficar na sede.
O anúncio das mudanças no Itamaraty está condicionado à confirmação oficial de Pinheiro Guimarães para a SAE.


Texto Anterior: Senado: "É hora de a gente recuperar" repasse à PM, diz Sarney
Próximo Texto: Temer aponta "entrave legal" para votar PEC dos Cartórios
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.