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Amorim indica embaixador na Argentina
Ênio Cordeiro, subsecretário-geral do Itamaraty para a América do Sul, irá ocupar a vaga, recusada pelo embaixador Ruy Nogueira
Nogueira, amigo de Amorim há mais de 50 anos, disse que preferia continuar em Brasília como subsecretário de cooperação comercial
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
O embaixador Ênio Cordeiro, atual subsecretário-geral do
Itamaraty para América do Sul,
irá para a Embaixada do Brasil
em Buenos Aires -a segunda
em importância estratégica para o Brasil, depois da de Washington. O "agrément" (a aceitação) foi concedido quase que
automaticamente pelo governo
argentino, ontem.
Cordeiro foi escolhido depois
que o preferido do chanceler
Celso Amorim, embaixador
Ruy Nogueira, recusou o cargo.
Ele preferiu ficar na Subsecretaria-Geral de Cooperação e de
Promoção Comercial, terceiro
cargo na hierarquia do Itamaraty. "Eu disse ao ministro que
posso render mais onde estou e
que gostaria de ficar em Brasília e no mesmo cargo até o final
do governo. Ele gentilmente
aceitou", disse Nogueira, amigo
de Amorim desde a adolescência, há mais de 50 anos.
A segunda opção foi Ênio
Cordeiro, um dos principais
negociadores brasileiros na
Unasul (União de Nações Sul
Americanas). Neste ano, ele
atuou diretamente na crise
aberta com a ampliação da presença militar norte-americana
na Colômbia e no envolvimento do Brasil em Honduras -o
presidente deposto, Manuel
Zelaya, está abrigado na embaixada brasileira.
Cordeiro foi o primeiro embaixador a ser avisado de que
Zelaya havia pedido abrigo à
embaixada e acabou articulando a comunicação entre Amorim, que estava em Nova York,
e a assessoria da Presidência.
Danças de cadeiras são normais na rotina do Itamaraty. A
de agora ocorre porque o secretário-geral, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães,
completa 70 anos, idade limite
para permanência no serviço
ativo da carreira diplomática.
Ele é cotado para ser ministro da SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos), vaga desde que o titular, Roberto Mangabeira Unger, voltou aos EUA,
no final de junho, para reassumir sua cadeira de professor na
Universidade Harvard. A nomeação, porém, depende diretamente do presidente Lula.
A partir da vaga do secretário-geral, segundo cargo em
importância no Itamaraty, depois apenas do próprio ministro, Amorim decidiu mexer outras peças no tabuleiro, trazendo de volta ao Brasil o embaixador do Brasil em Washington,
Antonio Patriota, que é da sua
confiança direta e irá substituir
Pinheiro Guimarães.
Para o lugar de Patriota irá o
embaixador em Buenos Aires,
Mauro Vieira, igualmente do
círculo mais próximo do chanceler. E, enfim, para o lugar de
Vieira, irá Ênio Cordeiro, depois que Ruy Nogueira preferiu
ficar na sede.
O anúncio das mudanças no
Itamaraty está condicionado à
confirmação oficial de Pinheiro
Guimarães para a SAE.
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