São Paulo, sábado, 09 de novembro de 2002

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TRANSIÇÃO

Encontro foi marcado a pedido de petista antes de presidente viajar

FHC e Lula discutem Orçamento em jantar

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso e seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva, se reuniram pela segunda vez ontem depois que o petista foi eleito para tratar de uma agenda da transição.
Durante jantar no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, os dois discutiriam o Orçamento do próximo ano, a data da posse (se 1º ou 6 de janeiro), a rodada de negociações da semana que vem entre o Brasil e o FMI (Fundo Monetário Internacional), a indicação de embaixadores ainda no atual governo, entre outros assuntos.
O encontro foi marcado a pedido de Lula porque FHC viaja hoje e deverá ficar fora do país até o final da próxima semana. Segundo Lula, há assuntos que não poderiam esperar esse tempo para serem acertados com o atual presidente. Participaram da reunião os petistas José Dirceu, presidente do partido, e Antônio Palocci Filho, chefe da equipe de transição no PT, além do líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP).
Em relação ao Orçamento de 2003, interessa a Lula arrefecer a pressão do PSDB por um reajuste do salário mínimo que eleve seu valor em maio para R$ 240,00. A proposta de FHC é de um mínimo de R$ 211,00, mas o PT criticou o valor durante a campanha.
Agora, o líder do PSDB na Câmara, deputado Jutahy Magalhães Jr., prega o valor pedido pelos petistas antes da eleição (R$ 240,00), mas há dificuldade de encontrar recursos no Orçamento para financiar tal reajuste.
Lula também gostaria de adiar a data da posse de 1º de janeiro para o dia 6 daquele mês. Publicamente, FHC é contra. No entanto, a Folha apurou que FHC não quer é parecer o pai da idéia que lhe daria mais cinco dias de mandato.
O presidente da Câmara e governador eleito de Minas, Aécio Neves (MG), defende o adiamento da posse. Os governadores assumiriam um dia antes do presidente, em 5 de janeiro.

Negociação com FMI
O presidente eleito também diria a FHC que o PT não pretende participar da rodada oficial de negociação entre o FMI (Fundo Monetário Internacional) e a equipe econômica brasileira.
A rodada de negociação acontece na semana que vem, e Lula designará Palocci para receber a missão do FMI por cortesia política e para fazer contatos.
Interessa ao PT adiar a discussão sobre um eventual aumento da meta de superávit primário (a economia de receitas destinada a pagar juros da dívida pública) para 2003.
A meta de superávit primário para este ano é de 3,88% do PIB (Produto Interno Bruto). Para o próximo ano, a meta prevista é de 3,75% do PIB.
Segundo a Folha apurou, havia pouca chance de FHC aceitar discutir alterações nas 17 indicações para embaixadores que encaminhou ao Senado.
O atual presidente avalia que será assunto do sucessor tratar de eventuais indicações de Itamar Franco, atual governador de Minas, e de Ciro Gomes, candidato do PPS derrotado à Presidência.
Em relação a Itamar, não haverá grande problema. Ele é cotado para ir para a embaixada de Roma, ocupada atualmente pelo tucano Andrea Matarazzo, que deve oficializar sua saída na virada de governo. Para FHC, Ciro será problema de Lula.


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