São Paulo, domingo, 10 de fevereiro de 2008

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"Falaram que eu ia ganhar uma casa nova"

DA AGÊNCIA FOLHA, EM MARINGÁ

Antônia Ribeiro do Vale Lorieski, 66, conta que ficou "esperançosa" quando, há um ano, pessoas que ela acreditou que fossem da Prefeitura de Maringá (PR) vieram fotografar sua casa, na zona norte da cidade. "Falaram que eu iria ganhar uma casa nova. Sabe, moço, a traição é uma coisa triste. Fizeram as fotos e nunca mais ninguém apareceu aqui."
Ela mora numa casa de alvenaria, sem reboco, em um fundo de vale às margens de um riacho, com dois filhos deficientes. Divide seu dia entre cuidar de quatro netos e dos animais que cria. Três vezes por semana, deixa os netos -o mais velho, uma menina de dez anos- cuidando do local, para recolher material reciclável nas ruas.
"É uma vida difícil, mas o pior é quando te dão esperança e você descobre que é uma traição. Agora tem um monte de gente vindo aqui saber do meu barraco, como vocês, mas aqueles que prometeram construir uma casa, nunca mais. Eu só queria que me ajudassem a cercar esse pedaço. Já estava bom. Assim meus animais não fugiriam", disse, apontando o fundo de vale, onde uma vaca e uma bezerra pastavam.


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