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Promotoria analisa
auditoria no PAS
SÍLVIA CORRÊA
da Reportagem Local
O Ministério Público estadual
vai investigar as irregularidades
apontadas pela própria Secretaria
Municipal da Saúde nas contas
das cooperativas do PAS (Plano
de Atendimento à Saúde).
A Folha informou ontem que
auditorias feitas pela secretaria
constataram que R$ 43,96 milhões foram gastos irregularmente pelas cooperativas do plano em
96 e 97 -o equivalente a 3,4% do
R$ 1,3 bilhão que elas receberam.
A investigação da secretaria, porém, é apenas um procedimento
contábil-financeiro, que se limita
a avaliar a regularidade dos procedimentos de compra sem investigar fraudes como superfaturamento ou compras "fantasmas"
que possam estar amparadas por
documentos fiscais bem-feitos.
É isso o que a Promotoria quer
checar: "Temos um inquérito
com fortes indícios de superfaturamento na contratação dos serviços de lavanderia, que tinham
uma contabilidade perfeita",
exemplifica o promotor Sérgio
Turra Sobrane, da Promotoria de
Justiça da Cidadania, que conta
com mais de 40 procedimentos
que investigam os gastos do PAS.
De acordo com Turra, a glosa
administrativa -desconto do
montante gasto irregularmente- não extingue a responsabilidade civil ou criminal dos envolvidos na transação ilegal.
O promotor também questiona
o fato de a prefeitura planejar descontar os R$ 43,96 milhões de sua
dívida com as cooperativas do
PAS: "Essa dívida é muito relativa, porque o que existe é um convênio, não um contrato. A prefeitura tem a obrigação de manter o
atendimento, e não a de repassar
uma verba fixa ao sistema".
Para Turra, a glosa é apenas um
artifício criado pela atual administração para evitar acusações de
omissão: "Com isso (a glosa), eles
querem sugerir que rastrearam as
contas, mas isso nem deveria
existir, porque eles tinham de
checar as contas antes do pagamento, evitando que o gasto irregular ocorresse". Agora, diz ele,
"perde o sistema, perdem as cooperativas e perde o usuário, mas
quem superfaturou já recebeu".
A Promotoria avalia que a iniciativa de descontar pagamentos
não exime o atual secretário da
Saúde, Jorge Pagura, de responsabilidade solidária se, no futuro, alguma irregularidade for constatada nas contas aprovadas, que respondem por 96,6% dos gastos.
"Não há prazo para prescrição
da punibilidade de atos que tenham causado dano ao erário",
diz Turra. "Pelo art. 37 da Constituição, prescrevem as outras penas até cinco anos depois, mas as
ações de ressarcimento podem
ocorrer a qualquer tempo."
A Secretaria Municipal da Saúde afirma que já reduziu de quatro anos para três meses a defasagem na análise das contas do PAS,
mas sustenta que a lei que criou o
plano impede que ela barre compras e pagamentos.
Ou seja: enquanto as cooperativas existirem, diz a secretaria, as
compras continuarão sendo feitas
sem auditoria prévia, e as glosas
seguirão sendo a única forma de
restituição aos cofres públicos.
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