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Investigação de dossiê não foi concluída
da Sucursal de Brasília
A investigação sobre o dossiê
Caribe não foi concluída pela Polícia Federal no Brasil. Mesmo assim, o presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu mandar
processar três pessoas por calúnia, pois elas teriam supostamente criado e divulgado os papéis.
Os processados pelo Procuradoria Geral da República são Paulo Maluf (presidente nacional do
PPB), Lafaiete Coutinho (ex-presidente da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, além
de ser pai de uma nora de Paulo
Maluf) e Caio Fábio d'Araújo Filho (reverendo presbiteriano).
Andamento
Os processos tiveram início em
7 de maio do ano passado. Andam lentamente na Justiça por
duas razões.
Primeiro, as provas coletadas
no inquérito são frágeis. Segundo,
os acusados conseguiram várias
vezes obter vitórias parciais na
Justiça.
O processo que anda mais lentamente é o contra Caio Fábio. Os
advogados dele, Nilo Batista e José Gerardo Grossi, argumentaram que não deveria ser a Justiça
Federal a responsável pelo caso.
No momento, o processo de
Caio Fábio está na 10ª Vara da
Justiça Federal de Brasília aguardando por uma definição sobre
qual instância se encarregará do
assunto.
"Queremos que o caso seja enviado a uma Justiça estadual", diz
José Gerardo Grossi, um dos mais
experientes advogados de Brasília, no momento atendendo também Caio Fábio.
Maluf e Lafaiete já tiveram parte
das suas solicitações atendidas.
Os seus processos foram enviados
de Brasília para São Paulo, mas
quem está a cargo dos casos é a
Justiça Federal paulista.
É provável que os advogados de
Maluf e de Lafaiete tentem alguma manobra para transferir os
processos para a Justiça estadual.
Argumentação
Para que fossem abertos processos contra Maluf, Lafaiete e Caio
Fábio, a Procuradoria Geral da
República desconsiderou um pedido da Polícia Federal, que solicitara mais prazo para investigar o
dossiê.
Embora não houvesse provas
sobre a veracidade ou falsidade
do dossiê Caribe, nem sobre a origem desses papéis, a Procuradoria Geral da República argumentou algo diferente.
Em seu despacho sobre o caso, o
procurador da República Luiz
Augusto Santos Lima escreveu
que "são claras as evidências de
que os documentos foram montados". Cita análises "amplamente divulgadas pela imprensa".
Na realidade, nada ficou comprovado. Nas 730 páginas do inquérito número 003/98, a PF sugere várias vezes ser impossível
concluir o caso sem outras investigações. Nada afirma sobre veracidade ou falsidade dos papéis.
Em um trecho do inquérito da
PF, é citado o advogado de uma
empresa nas Bahamas, a Trident,
que aparece no dossiê Caribe.
O agente da PF havia perguntado se o advogado poderia fornecer informações sobre a veracidade ou falsidade dos papéis. Eis o
que está no inquérito:
"O sr. Knowles (advogado da
Trident) disse que tais informações poderiam ser obtidas judicialmente por meio de carta rogatória, colocando-se à disposição
para prestar informações auxiliares na tramitação do dispositivo
legal citado".
(FERNANDO RODRIGUES)
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