São Paulo, segunda-feira, 10 de abril de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Para ministro, PFL e PSDB tentam inflamar artificialmente ambiente ao pedir impeachment do presidente porque Alckmin "não decola"

Atrás de Lula, oposição inflama crise, diz Tarso

VERA MAGALHÃES
DO PAINEL, EM BRASÍLIA

O ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) disse ontem que a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas eleitorais, juntamente com a "demora" do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, em "decolar", levam a oposição a "artificialmente" tentar inflamar o ambiente político acirrando o discurso contra o governo e retomando as ameaças de iniciar um processo de impeachment.
Em sua última edição, que começou a circular anteontem, a revista "Veja" revelou que o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) participou de reunião na casa do ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda) em que teria sido discutida a estratégia para defendê-lo da acusação de violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa. Bastos admitiu ter estado na casa, mas negou participação na discussão sobre as conseqüências do crime.
Em razão da participação de Bastos no encontro, a oposição imediatamente subiu o tom. O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), disse que a eventual atuação de Bastos no caso se soma a uma série de outros fatos que, para ele, configuram "indícios claros de crime de responsabilidade". Sugeriu que alguma personalidade da sociedade civil com "credibilidade" poderia, já, encabeçar um pedido de impeachment de Lula.
Tarso Genro reagiu à nova investida oposicionista, que chamou de "tentativa artificial" de abalar a liderança de Lula nas pesquisas e a governabilidade. "Essa questão pode artificialmente voltar a ser colocada, em virtude da força do presidente Lula nas pesquisas e da demora da candidatura Alckmin em decolar", disse ontem à Folha.
Pesquisa Datafolha divulgada ontem mostra Lula na liderança com 40% dos votos e Alckmin em segundo com 20%, apenas cinco pontos à frente de Anthony Garotinho (PMDB). Sem Garotinho, Lula vence no primeiro turno.
Tarso usou a votação do relatório final da CPI dos Correios para argumentar que o presidente foi "inocentado" em relação a todas as irregularidades investigadas. "A CPI, que teve toda a independência política e total participação da oposição, como deve ser, isentou o presidente Lula", afirmou.
Para ele, "as denúncias preenchem o vazio de propostas políticas e programáticas da oposição para o país". O ministro minimizou a possibilidade de um pedido de impeachment. "Não há a menor racionalidade jurídica nem a mínima condição política para que se fale em impeachment. Apesar de este ser o governo mais investigado da história do país -o que é bom, porque nos dá a possibilidade de exibir um certificado de idoneidade mais à frente- não há nenhum elemento para que se possa cogitar isso."
O ministro disse que o governo está convencido de que Bastos não teve qualquer participação na quebra do sigilo de Francenildo nem nos fatos posteriores.
Questionado sobre as declarações dadas à Folha pelo advogado Antonio Malheiros, que afirmou ter sido indicado por Bastos para defender Palocci, Tarso disse que não tinha "informações" sobre o fato. "Não falei com o ministro sobre isso", limitou-se a dizer.


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