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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Para ministro, PFL e PSDB tentam inflamar artificialmente ambiente ao pedir impeachment do presidente porque Alckmin "não decola"
Atrás de Lula, oposição inflama crise, diz Tarso
VERA MAGALHÃES
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
O ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) disse ontem
que a liderança do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva nas pesquisas
eleitorais, juntamente com a "demora" do candidato do PSDB,
Geraldo Alckmin, em "decolar",
levam a oposição a "artificialmente" tentar inflamar o ambiente
político acirrando o discurso contra o governo e retomando as
ameaças de iniciar um processo
de impeachment.
Em sua última edição, que começou a circular anteontem, a revista "Veja" revelou que o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) participou de reunião na casa
do ex-ministro Antonio Palocci
(Fazenda) em que teria sido discutida a estratégia para defendê-lo da acusação de violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa. Bastos admitiu ter estado na casa, mas negou
participação na discussão sobre
as conseqüências do crime.
Em razão da participação de
Bastos no encontro, a oposição
imediatamente subiu o tom. O
presidente do PFL, senador Jorge
Bornhausen (SC), disse que a
eventual atuação de Bastos no caso se soma a uma série de outros
fatos que, para ele, configuram
"indícios claros de crime de responsabilidade". Sugeriu que alguma personalidade da sociedade
civil com "credibilidade" poderia,
já, encabeçar um pedido de impeachment de Lula.
Tarso Genro reagiu à nova investida oposicionista, que chamou de "tentativa artificial" de
abalar a liderança de Lula nas pesquisas e a governabilidade. "Essa
questão pode artificialmente voltar a ser colocada, em virtude da
força do presidente Lula nas pesquisas e da demora da candidatura Alckmin em decolar", disse ontem à Folha.
Pesquisa Datafolha divulgada
ontem mostra Lula na liderança
com 40% dos votos e Alckmin em
segundo com 20%, apenas cinco
pontos à frente de Anthony Garotinho (PMDB). Sem Garotinho,
Lula vence no primeiro turno.
Tarso usou a votação do relatório final da CPI dos Correios para
argumentar que o presidente foi
"inocentado" em relação a todas
as irregularidades investigadas.
"A CPI, que teve toda a independência política e total participação
da oposição, como deve ser, isentou o presidente Lula", afirmou.
Para ele, "as denúncias preenchem o vazio de propostas políticas e programáticas da oposição
para o país". O ministro minimizou a possibilidade de um pedido
de impeachment. "Não há a menor racionalidade jurídica nem a
mínima condição política para
que se fale em impeachment.
Apesar de este ser o governo mais
investigado da história do país
-o que é bom, porque nos dá a
possibilidade de exibir um certificado de idoneidade mais à frente- não há nenhum elemento
para que se possa cogitar isso."
O ministro disse que o governo
está convencido de que Bastos
não teve qualquer participação na
quebra do sigilo de Francenildo
nem nos fatos posteriores.
Questionado sobre as declarações dadas à Folha pelo advogado
Antonio Malheiros, que afirmou
ter sido indicado por Bastos para
defender Palocci, Tarso disse que
não tinha "informações" sobre o
fato. "Não falei com o ministro
sobre isso", limitou-se a dizer.
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