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Ex-gerente diz ter tido sigilo violado
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Eliel Ferreira, 40, ex-gerente da
Nossa Caixa, demitido por justa
causa, pleiteia a reintegração em
ação trabalhista na qual acusa
funcionários do banco de terem
quebrado ilegalmente seu sigilo
bancário dele. O caso também é
investigado na Justiça Federal.
"Acredito que isso foi uma retaliação porque, muito antes de sofrer duas sindicâncias, participei
ativamente da análise de denúncias contra a atual diretoria do
banco encaminhadas à Assembléia Legislativa", diz Ferreira.
A Nossa Caixa sustenta que "é
falsa a afirmação de que a demissão ocorreu por retaliação" e alega que Ferreira foi demitido por
justa causa sob acusação de concessão irregular de empréstimos.
A Nossa Caixa também nega a
violação do sigilo: "Não há quebra
de sigilo quando a instituição financeira acessa os dados das contas correntes que administra". Assessores do presidente do banco,
Carlos Eduardo Monteiro, acreditam que Ferreira faz a acusação
para se aproveitar do clima criado
com a quebra de sigilo do caseiro
Francenildo Costa, em Brasília.
Ferreira havia oferecido queixa-crime na Justiça estadual em São
Caetano do Sul (SP) contra um
gerente da agência, a quem acusa
de quebra ilegal de sigilo bancário. O inquérito foi transferido para a 2ª Vara Criminal Federal.
Ferreira revela que, no final do
governo Covas, participou de
uma comissão de funcionários
que levantou números e informações sobre a Nossa Caixa e encaminhou o estudo à assessoria de
Geraldo Alckmin. A expectativa
desse grupo era ver a Nossa Caixa
dirigida por um técnico do banco.
Quando Alckmin nomeou Valdery Frota de Albuquerque, ex-presidente da Caixa Econômica
Federal que trouxe para o banco
ex-diretores da CEF, Ferreira e
outros funcionários levantaram
informações sobre a gestão de Albuquerque. O ex-gerente diz que
vários atos da CEF eram investigados pelo Tribunal de Contas da
União por suspeita de irregularidades na terceirização dos serviços e nos contratos publicitários:
"O que alertamos naquela época
está aparecendo agora". Ferreira
diz que, em 2003, o banco abriu
sindicância alegando que ele cometera ato de insubordinação e
indisciplina: "É estranho, porque
meses antes eu tinha sido objeto
de auditoria e havia sido absolvido, isentado de qualquer coisa".
Mais tarde, foi chamado por um
auditor que trazia uma denúncia.
Foi quando ele constatou que dados sigilosos seus e de outras pessoas estavam naquele processo:
"O sigilo é um direito constitucional meu, individual. O banco alegou que, por normas internas, poderia quebrá-lo. Isso está sendo
analisado no Ministério Público".
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