São Paulo, segunda-feira, 10 de abril de 2006

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Ex-gerente diz ter tido sigilo violado

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Eliel Ferreira, 40, ex-gerente da Nossa Caixa, demitido por justa causa, pleiteia a reintegração em ação trabalhista na qual acusa funcionários do banco de terem quebrado ilegalmente seu sigilo bancário dele. O caso também é investigado na Justiça Federal.
"Acredito que isso foi uma retaliação porque, muito antes de sofrer duas sindicâncias, participei ativamente da análise de denúncias contra a atual diretoria do banco encaminhadas à Assembléia Legislativa", diz Ferreira.
A Nossa Caixa sustenta que "é falsa a afirmação de que a demissão ocorreu por retaliação" e alega que Ferreira foi demitido por justa causa sob acusação de concessão irregular de empréstimos. A Nossa Caixa também nega a violação do sigilo: "Não há quebra de sigilo quando a instituição financeira acessa os dados das contas correntes que administra". Assessores do presidente do banco, Carlos Eduardo Monteiro, acreditam que Ferreira faz a acusação para se aproveitar do clima criado com a quebra de sigilo do caseiro Francenildo Costa, em Brasília.
Ferreira havia oferecido queixa-crime na Justiça estadual em São Caetano do Sul (SP) contra um gerente da agência, a quem acusa de quebra ilegal de sigilo bancário. O inquérito foi transferido para a 2ª Vara Criminal Federal.
Ferreira revela que, no final do governo Covas, participou de uma comissão de funcionários que levantou números e informações sobre a Nossa Caixa e encaminhou o estudo à assessoria de Geraldo Alckmin. A expectativa desse grupo era ver a Nossa Caixa dirigida por um técnico do banco.
Quando Alckmin nomeou Valdery Frota de Albuquerque, ex-presidente da Caixa Econômica Federal que trouxe para o banco ex-diretores da CEF, Ferreira e outros funcionários levantaram informações sobre a gestão de Albuquerque. O ex-gerente diz que vários atos da CEF eram investigados pelo Tribunal de Contas da União por suspeita de irregularidades na terceirização dos serviços e nos contratos publicitários: "O que alertamos naquela época está aparecendo agora". Ferreira diz que, em 2003, o banco abriu sindicância alegando que ele cometera ato de insubordinação e indisciplina: "É estranho, porque meses antes eu tinha sido objeto de auditoria e havia sido absolvido, isentado de qualquer coisa".
Mais tarde, foi chamado por um auditor que trazia uma denúncia. Foi quando ele constatou que dados sigilosos seus e de outras pessoas estavam naquele processo: "O sigilo é um direito constitucional meu, individual. O banco alegou que, por normas internas, poderia quebrá-lo. Isso está sendo analisado no Ministério Público".


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