São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 2008

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Ex-ministra que usou cartão em free shop é elogiada em CPI

Convocada para depor na comissão, Matilde Ribeiro, ex-chefe da Igualdade Racial, foi exaltada por seu trabalho "pioneiro"

"Nenhum dos gastos foi feito de má-fé", afirmou Matilde; Paulo Lacerda, presidente da Abin, também foi poupado no depoimento

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A oposição abandonou ontem a CPI mista dos Cartões e permitiu que a base do governo fizesse uma exaltação à ex-ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial), que deixou o governo em fevereiro após denúncias de que usou o cartão corporativo em um free shop.
O presidente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Paulo Lacerda, também foi poupado no depoimento. Da oposição, estavam presentes só dois deputados do DEM.
A base aliada na comissão iria se reunir ontem à noite com o ministro José Múcio (Relações Institucionais) para discutir como fortalecer a CPI mista e minar a do Senado, que pode ser instalada nos próximos dias para investigar o mesmo assunto. A Folha apurou que a idéia é realocar senadores da tropa de choque do governo da CPI mista para a do Senado, para que impeçam a aprovação de requerimentos que incomodem o Palácio do Planalto, como foi feito na CPI mista. Eles seriam substituídos por líderes, como Romero Jucá (PMDB-RR) e Ideli Salvatti (PT-SC), que dariam mais peso à CPI mista.
Os governistas ganharam ontem mais argumentos para impedir o acesso da oposição a dados sigilosos da Presidência. Lacerda defendeu que todos os gastos da Presidência devem ser mantidos em sigilo porque a divulgação pode comprometer a segurança nacional. "Através de um alimento pode-se envenenar quem o consome. Temos que ter uma preocupação com quem vende", disse.
Ex-diretor da Polícia Federal, ele afirmou que, por sua experiência, a perícia nos computadores apreendidos na Casa Civil deve durar 15 dias e que está certo de que a PF irá esclarecer o caso do dossiê, que revelou despesas de FHC.
Convocada para depor na comissão, Matilde ouviu elogios ao trabalho "pioneiro" que fez enquanto estava à frente de sua antiga pasta. O deputado Vicentinho (PT-SP) afirmou: "minha irmã, nós estamos com você em todos os momentos".
Enquanto os elogios eram disparados por governistas, algumas de suas antigas assessoras choravam na platéia. No fim da sessão, Matilde disse que deixou o cargo para que o trabalho da pasta "pudesse ter continuidade e não ficasse restrito a uma situação política".
Sobre o uso do cartão, ela reafirmou que o gasto efetuado em free shop ocorreu "por engano, devidamente ressarcido". Em relação às altas despesas com aluguel de carro, disse que tal fato se deve à "peculiaridade" de sua antiga pasta, que foi criada para fazer a mediação entre o governo e as entidades sociais. Tal mediação, segundo ela, justificaria o alto número de viagens. "Quando começamos a usar o cartão, decidimos utiliza-lo em três ocasiões: locação de veículos, hospedagem e alimentação...Nenhum dos gastos realizados foram feitos de má-fé." (ANDREZA MATAIS, FELIPE SELIGMAN e ADRIANA CEOLIN)

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