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Ex-ministra que usou cartão em free shop é elogiada em CPI
Convocada para depor na comissão, Matilde Ribeiro, ex-chefe
da Igualdade Racial, foi exaltada por seu trabalho "pioneiro"
"Nenhum dos gastos foi
feito de má-fé", afirmou
Matilde; Paulo Lacerda,
presidente da Abin, também
foi poupado no depoimento
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A oposição abandonou ontem a CPI mista dos Cartões e
permitiu que a base do governo
fizesse uma exaltação à ex-ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial), que deixou o governo em fevereiro após denúncias de que usou o cartão
corporativo em um free shop.
O presidente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência),
Paulo Lacerda, também foi
poupado no depoimento. Da
oposição, estavam presentes só
dois deputados do DEM.
A base aliada na comissão iria
se reunir ontem à noite com o
ministro José Múcio (Relações
Institucionais) para discutir
como fortalecer a CPI mista e
minar a do Senado, que pode
ser instalada nos próximos dias
para investigar o mesmo assunto. A Folha apurou que a idéia é
realocar senadores da tropa de
choque do governo da CPI mista para a do Senado, para que
impeçam a aprovação de requerimentos que incomodem o
Palácio do Planalto, como foi
feito na CPI mista. Eles seriam
substituídos por líderes, como
Romero Jucá (PMDB-RR) e
Ideli Salvatti (PT-SC), que dariam mais peso à CPI mista.
Os governistas ganharam ontem mais argumentos para impedir o acesso da oposição a dados sigilosos da Presidência.
Lacerda defendeu que todos os
gastos da Presidência devem
ser mantidos em sigilo porque
a divulgação pode comprometer a segurança nacional.
"Através de um alimento pode-se envenenar quem o consome.
Temos que ter uma preocupação com quem vende", disse.
Ex-diretor da Polícia Federal, ele afirmou que, por sua experiência, a perícia nos computadores apreendidos na Casa
Civil deve durar 15 dias e que
está certo de que a PF irá esclarecer o caso do dossiê, que revelou despesas de FHC.
Convocada para depor na comissão, Matilde ouviu elogios
ao trabalho "pioneiro" que fez
enquanto estava à frente de sua
antiga pasta. O deputado Vicentinho (PT-SP) afirmou:
"minha irmã, nós estamos com
você em todos os momentos".
Enquanto os elogios eram
disparados por governistas, algumas de suas antigas assessoras choravam na platéia. No
fim da sessão, Matilde disse
que deixou o cargo para que o
trabalho da pasta "pudesse ter
continuidade e não ficasse restrito a uma situação política".
Sobre o uso do cartão, ela
reafirmou que o gasto efetuado
em free shop ocorreu "por engano, devidamente ressarcido".
Em relação às altas despesas
com aluguel de carro, disse que
tal fato se deve à "peculiaridade" de sua antiga pasta, que foi
criada para fazer a mediação
entre o governo e as entidades
sociais. Tal mediação, segundo
ela, justificaria o alto número
de viagens. "Quando começamos a usar o cartão, decidimos
utiliza-lo em três ocasiões: locação de veículos, hospedagem
e alimentação...Nenhum dos
gastos realizados foram feitos
de má-fé."
(ANDREZA MATAIS, FELIPE SELIGMAN e ADRIANA CEOLIN)
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