São Paulo, quinta-feira, 10 de junho de 2004

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BRASIL COM "Z"

Cerca de 600 pesquisadores, entre brasilianistas e acadêmicos brasileiros, debatem problemas do país no Rio

Encontro discute de Lula a regime militar

DA SUCURSAL DO RIO

O Brazil que estuda o Brasil. De hoje a sábado, cerca de 600 pesquisadores -dezenas de brasilianistas, como são chamados os estudiosos estrangeiros de temas nacionais, e centenas de acadêmicos brasileiros- discutem no Rio mais de 170 abordagens sobre a história e os problemas do país.
A PUC do Rio abriga os debatedores do 7º Congresso da Associação de Estudos Brasileiros (Brasa, na sigla em inglês), entidade com sede nos Estados Unidos que reúne cerca de 500 brasilianistas de universidades norte-americanas e européias. A abertura do evento foi ontem à noite.
Entre as principais mesas de debate, pontificam análises dos 40 anos da instalação do regime militar e do desempenho do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Um dos debates de hoje, "Um balanço do governo Lula", terá o brasilianista Timothy J. Power, da Florida International University e novo presidente da Brasa, e o cientista político da UnB David Fleischer.
Em outra mesa, coordenada por Francisco Panizza, da London School of Economics and Political Science, e por Celi Regina Jardim Pinto, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, será debatida a influência do atual governo brasileiro na América Latina.
Com o tema "Continuidade e Mudança no Brasil: de Fernando Henrique Cardoso a Lula da Silva", sob a coordenação de Leslie Elliott Armijo, do Reed College, e de Walter Ness, da PUC-Rio, entra em debate a influência tucana na gestão do petista.
O governo Lula volta a ser apreciado no sábado, em mesa com os sociólogos Francisco de Oliveira e Aspásia Camargo, além de Timothy J. Power novamente.
Amanhã, os 40 anos do golpe de 1964 e a oposição à ditadura a partir dos EUA são o tema de debate coordenado por James Green, da Brown University, que está finalizando estudos sobre o tema.

Novo perfil
A nova geração de brasilianistas tem interesse por temas mais amplos do que os classicamente vinculados à política e à economia. Entre as centenas de estudos a serem apresentados e que concorrem a prêmios estão textos que comparam o Carnaval brasileiro ao de Nova Orleans, analisam a bossa-nova, a televisão, Machado de Assis, o cinema mudo brasileiro e até a construção do discurso da malandragem.
Mesas do seminário discutirão a obra do brasilianista Robert Levine, morto no ano passado, aos 62 anos, e que foi um dos mais importantes da categoria, ao lado de Thomas Skidmore. Outro homenageado será o ex-senador pelo Rio de Janeiro Abdias do Nascimento, que completou 90 anos neste ano e é um dos maiores militantes da causa da igualdade racial no Brasil.


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