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Compadre de Lula repete Freud e vira empresário
Preso na semana passada, amigo do presidente trabalhou em campanhas do PT
Em depoimento à PF, Dario
Morelli diz que se encontrou
duas vezes neste ano com
Lula em São Bernardo, sem
conversar sobre política
CATIA SEABRA
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Pivô da nova crise que ronda
o Planalto, o petista Dario Morelli Filho -compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva- foi contratado para fornecer carros à campanha do senador Aloizio Mercadante ao governo de SP em 2006.
Pelos serviços, Morelli recebeu, de acordo com declaração
ao TRE (Tribunal Regional
Eleitoral), R$ 187,6 mil entre
agosto e outubro de 2006, em
três pagamentos à empresa Dario Morelli Filho: um de R$ 57
mil, outro de R$ 65 mil e um
terceiro de R$ 65.596,89.
À PF, Morelli afirmou que o
serviço de locação de carros à
campanha de Mercadante fez
sua movimentação financeira
subir de R$ 320 mil, em 2005,
para R$ 661 mil no ano passado.
Disse que trabalhou em campanha de Lula, mas não precisou em qual. No depoimento,
afirmou que conversou duas
vezes neste ano com Lula, na
casa do presidente em São Bernardo, sem tratar de política.
Atuante na coordenação da
campanha, Morelli alugou os
carros, segundo a assessoria do
senador, por indicação do diretório estadual do PT. A assessoria de Mercadante diz que Morelli aluga, tradicionalmente,
carros para as campanhas do
PT, além de fornecer para o
próprio diretório estadual.
Seu advogado, Milton Fernando Talzi, disse que, como
militante do PT, Morelli prestou serviços para diferentes
campanhas do partido. Segundo petistas, ele não só viabilizava carros mas também logística
para candidatos. O presidente
estadual do PT, Paulo Frateschi, não quis se manifestar.
Além da empresa, criada em
2001, Morelli era, até a semana
passada, funcionário da empresa de saneamento de Diadema,
cidade administrada pelo PT.
Contratado em 2002 e afastado
após a Operação Xeque-Mate,
Morelli tem salário de R$
4.500. Segundo a prefeitura,
era um funcionário atuante.
Mas, segundo assessoria do
ex-deputado Roberto Gouveia,
Morelli não comparecia à Assembléia Legislativa quando
contratado para trabalhar, a
pedido do PT, em seu gabinete.
Morelli foi duas vezes contratado por Gouveia: na presidência
da Alesp e como motorista.
Apelidado de "Chupisco" por
amigos do PT, também foi segurança de José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, na campanha de 1994. Sua trajetória se
confunde com a de petistas que
cresceram com o partido.
A exemplo de Morelli, Freud
Godoy acumulou a função de
assessor especial da Presidência com as atividades empresariais da família. Propriedade de
Freud em sua composição original, a empresa de sua mulher
é responsável pela segurança
da portaria do Diretório Nacional do PT. Em 2004, a empresa
Caso Sistema de Segurança
atuou na campanha da prefeita
Marta Suplicy à reeleição.
"A idéia deles é: Lula é nosso
amigo. A amizade do bar em
São Bernardo é levada a Brasília", afirma o professor Marco
Antonio Villa, da Universidade
Federal de São Carlos.
Até junho de 2003, quando já
ocupava a diretoria da instituição, o presidente do Sebrae,
Paulo Okamoto, era sócio-gerente da empresa Red Star, que
fornecia brindes, como botons,
ao PT. Em 2005, Okamoto teria
apontado a empresa como fonte do dinheiro usado para cobrir uma dívida do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, no valor de R$ 29 mil.
Também em 2005, vieram à
tona investimentos de R$ 5 milhões da empresa Telemar na
produtora Gamecorp, do qual o
Fábio Luís, o Lulinha, tornou-se sócio em 2003. Naquele
mesmo ano, o irmão mais velho
do presidente, Genival Inácio
da Silva, ganhou as páginas por
ter aberto um escritório para
intermediar demandas de empresários com prefeituras do
PT, estatais e empresas com o
governo federal.
"O presidente veio muito de
baixo, antes de fazer parte da
elite. Tem relacionamentos
com pessoas do seu meio e que
não conseguiram ascender tanto. Essas pessoas podem até
exibir um relacionamento e influência que não têm", diz
Leôncio Martins Rodrigues,
cientista político da USP.
Para o filósofo Roberto Romano, da Unicamp, dizer que é
"amigo do Lula é salvo-conduto". "Apontar o dedo para o Lula seria pecado. Quando o líder
não pode ser responsabilizado,
a corte e seu entorno também
não podem", afirma Romano.
Colaboração da Agência Folha e
do enviado a Campo Grande
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