ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

As agendas dos ex-diretores do IRB (Instituto de Resseguros do Brasil) registram encontros com os deputados federais do PT Jorge Bittar, candidato derrotado a prefeito do Rio de Janeiro no ano passado, e Luiz Sérgio, ex-prefeito de Angra dos Reis (RJ).
Até agora, apareceram registros de encontros com oito parlamentares. Além dos petistas, estão citados nas agendas de ex-dirigentes do IRB os deputados federais do PP José Janene (PR), João Pizzolatti (SC) e Pedro Henry (MT); os deputados federais do PTB Nelson Marquezelli (SP), Sandro Matos (RJ) e Eliane Costa (RJ), e o deputado federal peemedebista Dr. Heleno (RJ).
A diretoria do IRB foi afastada no dia 7 de junho, em razão da suspeita de um suposto esquema de corrupção para favorecer partidos políticos. O caso está sendo investigado em três inquéritos abertos pelo Ministério Público do Estado do Rio e pelo Ministério Público Federal.
O nome de Bittar aparece quatro vezes na agenda de 2004 do ex-vice-presidente Manoel Morais, que ocupou o cargo por indicação do PT. Também há uma referência ao nome dele na agenda do ex-diretor Comercial Luiz Eduardo Lucena (apadrinhado do PP) e na do ex-presidente Lídio Duarte, que chegou à posição indicado por José Carlos Martinez, presidente do PTB morto em 2003.
Uma das reuniões ocorreu em 31 de maio do ano passado, com a participação de Manoel Morais, do empresário Carlos Protásio e de um representante da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro). As partes confirmam o encontro, que teria como propósito a discussão de um projeto para transformar o Rio em um paraíso fiscal para o resseguro.
O deputado Luiz Sérgio esteve quatro vezes na sede do IRB, no Rio de Janeiro, no ano passado, em três encontros com Manoel Morais e um com o ex-diretor Lucena.
Morais, conhecido entre os petistas como ""Manoel Baiano", também foi visitado pelo presidente regional do PT do Rio de Janeiro, Gilberto Palmares.
A agenda do ex-diretor Comercial Luiz Eduardo Lucena registra três encontros dele com Janene, três com Pizzolatti, e um com Pedro Henry, além de várias reuniões com o assessor de Janene, João Cláudio Carvalho Genu, dentro e fora do IRB. Os deputados Pizzolatti, Pedro Henry e Janene foram acusados por Roberto Jefferson de serem operadores do suposto esquema do mensalão (pagamento ilegal a deputados) dentro do PP.

Petebistas
Já os parlamentares do PTB aparecem nas agendas do ex-diretor e ex-presidente Luiz Appolônio Neto. Marquezelli disse que foi pedir emprego para um amigo no escritório do IRB em São Paulo, e que não foi atendido. O mesmo motivo teria levado os outros petebistas à estatal, segundo já afirmou o ex-presidente Appolônio Neto, que ficou no cargo de 31 de março a 7 de junho deste ano.

Faltam agendas
O IRB entregou 11 agendas com anotações manuscritas das secretárias ao Ministério Público Federal, que investiga um suposto esquema de corrupção envolvendo ex-dirigentes e partidos políticos.
Deveriam ter sido entregues 18 agendas (a diretoria era formada por seis pessoas que ficaram nos cargos de 2003 a 2005), mas parte delas se perdeu. Informações mais detalhadas das agendas podem estar nos arquivos dos computadores das secretárias, cujas cópias também foram entregues ao Ministério Público.
O ex-vice-presidente Manuel Morais e o ex-diretor Luiz Eduardo Lucena não foram encontrados. Segundo informação do PT, Morais está em viagem. Lucena não atente aos telefones desde que ele deixou o IRB, em junho.

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