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Policial apura crime financeiro desde anos 90
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Responsável pela Operação Satiagraha, o delegado da Polícia Federal Protógenes Pinheiro de Queiroz investiga crimes financeiros desde meados dos
anos 90. Ele conduziu em
Foz do Iguaçu (PR) o primeiro inquérito que levou
à criação, em 2003, da CPI
do Banestado, em Brasília.
Queiroz foi coordenador do grupo montado em
Foz pela Divisão do Crime
Organizado e Inquéritos
Especiais da PF para averiguar remessas estimadas
em até R$ 120 bilhões para
a filial do Banestado em
Nova York. Por cerca de
um ano, com uma equipe
pequena e apenas um carro, Queiroz atuou num caso explosivo que ameaçava
prender donos de bancos
do Paraná, que, no entanto, diziam estar amparados por mudanças na legislação operadas pelo governo FHC (1995-2002).
Numa reunião tensa, em
Brasília, Queiroz chegou a
esmurrar a mesa ao cobrar
de técnicos do Banco Central maior rigor no controle da remessa de capitais.
Depois que Queiroz deixou o caso em Foz, os peritos da PF Renato Barbosa
e Eurico Montenegro e o
delegado José Castilho
conseguiram apreender
nos Estados Unidos os arquivos do Banestado que,
revelados pela imprensa,
forçaram a criação da CPI
no Congresso.
Queiroz atuou na delegacia de crimes fazendários de São Paulo até 2003,
quando o delegado Paulo
Lacerda assumiu o cargo
de diretor-geral da PF. Lacerda tornou as grandes
operações, com prisões
em massa e uso ostensivo
da interceptação telefônica, ações rotineiras na PF.
Logo Queiroz foi transferido para Brasília. Passou a liderar, de lá, as principais investigações de São
Paulo. Presidiu os inquéritos que levaram às prisões
do ex-governador Paulo
Maluf e de seu filho, Flávio; do acusado de contrabando Law Kin Chong,
numa cooperação com a
CPI da Pirataria; e do indiciamento do ex-prefeito
Celso Pitta, em 2006.
Em cinco anos, Queiroz
firmou-se como um dos
principais investigadores
de lavagem de dinheiro e
evasão de divisas. Sua
atuação gerou atritos, velados e explícitos, com delegados de São Paulo. O
clímax ocorreu em 2004,
quando recebeu o aval de
Lacerda para realizar em
São Paulo uma operação
sem conhecimento prévio
da superintendência local.
Queiroz foi colecionando críticas de advogados
dos investigados e de parte
da imprensa, que enxergou privilégio a um repórter da Rede Globo que
conseguiu acompanhar,
em 2005, disfarçado de
agente da PF, a prisão de
Maluf. A PF abriu investigação interna sobre o fato.
Na mesma operação, advogados de Maluf acusaram Queiroz de ter tentado "subornar" o doleiro
Vivaldo Alves, o Birigüi,
principal acusador do ex-prefeito de São Paulo.
O indício era uma conversa do doleiro em que dizia que a suposta vantagem não seria "material".
A acusação dos advogados
nunca foi comprovada. Na
época, Queiroz disse que o
único "presente" que poderia dar ao doleiro seria
uma delação premiada.
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