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INTELIGÊNCIA
Por ordem de Lula, agência mudou principal foco de investigação
Abin prioriza cenário internacional
IURI DANTAS
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Voltado historicamente para investigação de ameaças internas, o
setor de inteligência brasileiro
mudou o foco para o cenário internacional, basicamente a América do Sul, por ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Balanço parcial sobre a produção da Abin (Agência Brasileira
de Inteligência), divulgado ontem, mostra que a maior parte
(28,34%) dos despachos encaminhados a Lula neste ano diziam
respeito à conjuntura internacional. Há cinco anos, a maioria era
sobre questão fundiária e segurança pública, que hoje está em
segundo lugar com 22,14%.
Ao todo, Lula recebeu 307 relatórios da Abin, de janeiro até o dia
31 de agosto, o que representa cerca de 40% da produção da agência, segundo estimativa de seu diretor-geral, Mauro Marcelo de Lima e Silva, 44. Em terceiro lugar
na lista dos relatórios enviados ao
presidente aparecem os que abordavam a atuação de serviços de
inteligência estrangeiros (8,15%).
Apesar disso, a Abin não aumentou os agentes no exterior.
Há apenas dois escritórios da
agência fora do Brasil -na Argentina e nos EUA. Segundo o diretor de Planejamento da agência,
José Athos Irigaray, as informações são obtidas por "fontes" no
exterior, notícias da imprensa e
envio de analistas a outros países
para levantamento de questões
pontuais. O diretor-geral da Abin
afirma que 80% dos dados são
provenientes de fontes públicas.
No Brasil, a Abin recebe informações de agentes de serviços de
inteligência estrangeiros, registrados no corpo diplomático do país.
Representantes brasileiros se encontram com colegas em Brasília,
com número mínimo de pessoas
presentes e registro em ata.
Café da manhã
Quase dois meses depois de assumir o cargo, Silva recebeu ontem jornalistas da mídia impressa
para um café da manhã e uma espécie de "city tour" pelas dependências da Abin em Brasília. Estão previstos novos encontros para rádios, TVs e correspondentes
estrangeiros no Brasil.
A reunião ocorreu no auditório
do bloco J, um andar abaixo do
arquivo de cerca de 2,2 milhões de
páginas contendo informações
sobre grupos subversivos à ditadura militar -produzidas pelo
extinto SNI (Serviço Nacional de
Informação)-, a atuação de movimentos como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra) e a violência urbana.
Na palestra de abertura, que durou 1h40, Silva disse que mudou
70% dos ocupantes de cargos de
chefia. As mudanças na cúpula da
Abin foram importantes devido à
crise de identidade que a agência
enfrenta. Não há nenhum militar
em posto de comando, uma reivindicação dos funcionários contratados -a maioria do pessoal.
"O público de universitários,
aprovado em concursos, tem divergências culturais com militares do extinto SNI que ainda estão
na Abin", disse.
Silva relatou ainda que, segundo
informações recebidas pela Abin,
funcionários de operadoras de telefonia estão sendo cooptados para a prática de grampos ilegais.
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