São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 2008

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Polícia prende líder sem-teto acusada de crime eleitoral

Promotoria vê captação ilegal de voto em reunião de movimento

CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal prendeu na noite de ontem a coordenadora de base do Movimento dos Sem Teto do Centro (MSTC), Solange Carvalho, acusada de corrupção eleitoral. A Folha presenciou reunião do movimento em que Solange prometia a distribuição de mil cartas de crédito em troca de apoio à candidatura de Manoel Del Rio (PT) para a Câmara Municipal.
O encontro começou às 19h30, no salão paroquial de uma igreja no bairro de Vila Bertioga, zona leste de São Paulo. Os policiais se infiltraram na reunião e, por volta das 21h30, deram ordem de prisão contra a coordenadora.
Del Rio, que é advogado do MSTC e tem a moradia como principal bandeira de campanha, não estava no local. O mandado foi cumprido a pedido do Ministério Público Eleitoral, que investigava as atividades de Solange há pelo menos três semanas. A oferta das cartas, segundo a Promotoria, foi feita em pelo menos duas reuniões e em um comício.
"As cartas seriam distribuídas de acordo com a pontuação angariada pelos participantes e essa pontuação era auferida pela participação em reuniões, comícios do candidato Manoel del Rio e pagamento de mensalidade do MSTC em dia", afirma a Promotoria. Solange e Del Rio negaram a prática.
A PF apreendeu na reunião santinhos de Del Rio e um caderno usado para anotar a pontuação dos participantes. Quanto mais a gente participa dos eventos, mais pontos ganha", disse L.C, 31, que participou da reunião. Ela diz que Solange pedia votos para Del Rio e Marta Suplicy (PT). Segundo outra participante, I.S, 50, a coordenadora dizia que, "se a Marta ganhar, a gente vai receber mais rápido o bolsa aluguel de R$ 300".
A Lei Eleitoral proíbe o candidato de "dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto, ainda que a oferta não seja aceita". Prevê perda do mandato, multa e reclusão.


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