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Compra do caça exige conciliação de interesses
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Transferência de tecnologia" é algo que ocorre principalmente na esfera da indústria. E, no caso da aquisição
de um caça, pode até haver
discordâncias entre o que
uma força aérea quer e o que
as empresas locais da área de
defesa gostariam de obter.
A FAB quer ter um caça de
última geração e ser capaz de
operá-lo plenamente. Já as
empresas querem tecnologias novas que poderão usar
em projetos de seu interesse.
O mais difícil é equilibrar o
desejo da Aeronáutica pelo
avião que considera mais
bem adaptado à sua doutrina
com as ofertas de processos
industriais e tecnologias oferecidas pela empresa estrangeira à parceira nacional.
Institutos de pesquisa e
universidades podem produzir inovações tecnológicas,
mas são os engenheiros e
técnicos das empresas que
vão pôr isso em prática na
produção. Um exemplo é a
construção do radar de vigilância antiaérea Saber M-60
criado em colaboração entre
o Exército, a empresa privada OrbiSat e a Unicamp.
No caso da concorrência
da FAB, houve aprimoramento entre a fase inicial (F-X) e a atual (F-X2). Na primeira versão, cada empresa
estrangeira tinha de se associar a uma contratada local, o
que criou parcerias artificiais
e punha em risco a não participação da principal empresa
aeroespacial do país, a Embraer, caso não fosse escolhido o Mirage 2000-BR.
O FX-2 foi mais sensato
em forçar as empresas estrangeiras a fazer acordos e
oferecer tecnologias específicas a empresas brasileiras.
Qualquer que seja a vencedora, terá que lidar com as empresas brasileiras mais importantes da área -além da
Embraer, a Mectron (mísseis), a Aeroeletrônica (eletrônica embarcada), a Omnisys (radares, guerra eletrônica) e a Atech (softwares).
A fabricante do Rafale diz
que sua proposta de transferência de tecnologia incluiu
65 projetos com 38 instituições ou empresas brasileiras.
No passado, a Embraer
aproveitou as compras da
FAB para se dotar de tecnologias novas. Se o primeiro
caça a jato por ela produzido,
o Xavante, era um projeto
italiano simplesmente montado no país, o acordo seguinte envolveu participação
direta no projeto do AMX.
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