São Paulo, quinta-feira, 10 de setembro de 2009

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Compra do caça exige conciliação de interesses

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Transferência de tecnologia" é algo que ocorre principalmente na esfera da indústria. E, no caso da aquisição de um caça, pode até haver discordâncias entre o que uma força aérea quer e o que as empresas locais da área de defesa gostariam de obter.
A FAB quer ter um caça de última geração e ser capaz de operá-lo plenamente. Já as empresas querem tecnologias novas que poderão usar em projetos de seu interesse.
O mais difícil é equilibrar o desejo da Aeronáutica pelo avião que considera mais bem adaptado à sua doutrina com as ofertas de processos industriais e tecnologias oferecidas pela empresa estrangeira à parceira nacional.
Institutos de pesquisa e universidades podem produzir inovações tecnológicas, mas são os engenheiros e técnicos das empresas que vão pôr isso em prática na produção. Um exemplo é a construção do radar de vigilância antiaérea Saber M-60 criado em colaboração entre o Exército, a empresa privada OrbiSat e a Unicamp.
No caso da concorrência da FAB, houve aprimoramento entre a fase inicial (F-X) e a atual (F-X2). Na primeira versão, cada empresa estrangeira tinha de se associar a uma contratada local, o que criou parcerias artificiais e punha em risco a não participação da principal empresa aeroespacial do país, a Embraer, caso não fosse escolhido o Mirage 2000-BR.
O FX-2 foi mais sensato em forçar as empresas estrangeiras a fazer acordos e oferecer tecnologias específicas a empresas brasileiras. Qualquer que seja a vencedora, terá que lidar com as empresas brasileiras mais importantes da área -além da Embraer, a Mectron (mísseis), a Aeroeletrônica (eletrônica embarcada), a Omnisys (radares, guerra eletrônica) e a Atech (softwares).
A fabricante do Rafale diz que sua proposta de transferência de tecnologia incluiu 65 projetos com 38 instituições ou empresas brasileiras.
No passado, a Embraer aproveitou as compras da FAB para se dotar de tecnologias novas. Se o primeiro caça a jato por ela produzido, o Xavante, era um projeto italiano simplesmente montado no país, o acordo seguinte envolveu participação direta no projeto do AMX.


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