PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

A três semanas da votação que vai definir o futuro prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB) está 12 pontos à frente de Marta Suplicy (PT). Se o segundo turno fosse hoje, o tucano seria eleito por 51% a 39%, revela o Datafolha.
Nos próximos 20 dias, a atual prefeita terá dois debates na TV, 15 dias de propaganda eleitoral gratuita, que começa na sexta-feira, e muito corpo-a-corpo para tentar reverter a diferença. A partir de quarta-feira, Marta se licencia do cargo para dedicar-se exclusivamente à campanha.
Ao adversário, basta manter a diferença de 12 pontos percentuais que tem sobre a prefeita. Apesar de os dados das pesquisas anteriores não serem comparáveis com o quadro atual, uma vez que antes eram hipotéticos e agora é uma situação real, a vantagem nunca ficou abaixo de dez pontos.
Nos votos válidos, o placar é de 56% a 44%. O diretor do Datafolha, Mauro Paulino, afirma que o cenário ainda é indefinido. "Os tempos são iguais no horário eleitoral, que fica despoluído dos nanicos, e a dinâmica da campanha é outra. O embate e a comparação entre os dois são mais diretos."
Além disso, explica o diretor do Datafolha, existe a questão matemática: cada eleitor ganho para um candidato é um voto tirado do outro. "As mudanças são mais rápidas", explica Paulino.
No primeiro turno, o candidato do PSDB recebeu 43,56% dos votos válidos, enquanto a petista foi a opção de 35,82% dos eleitores.

Malufistas
Os 734.580 eleitores do ex-prefeito Paulo Maluf (PP), apontados como um dos fatores decisivos no segundo turno, até agora pendem mais para o lado tucano.
Entre os que declararam ter votado em Maluf no primeiro turno, 70% iriam com Serra se o segundo turno, marcado para o dia 31 de outubro, acontecesse hoje. Por outro lado, apenas 13% votariam em Marta.
Na semana que passou, houve intensas negociações dos malufistas com tucanos e petistas para definir quem leva o espólio eleitoral do ex-prefeito.
A direção nacional do PP já declarou preferência por Marta, mas o surgimento de mais uma denúncia contra Maluf adiou a definição para a próxima quarta-feira -mesmo dia em que o ex-prefeito deverá depor no Ministério Público sobre a acusação de que teria tentado armar uma denúncia contra Serra.
Já os 244.090 eleitores de Luiza Erundina (PSB) racharam ao meio. Enquanto 39% afirmam que votarão em Serra, outros 38% dizem que sua candidata no segundo turno é Marta.

Ricos x pobres
O levantamento confirma o que a divisão geográfica dos votos já indicava: Serra recebe os votos dos mais ricos e mais instruídos, e Marta se sai menos mal entre os eleitores mais pobres e com menos anos de estudo.
O ex-ministro da Saúde ganha de longe entre os que têm nível superior (60% a 32%) e entre os que ganham mais de R$ 2.600 por mês (61% a 33%).
A diferença a favor de Serra cai quando se analisa a parcela do eleitorado com nível fundamental (51% a 41% para o tucano) e que ganha até cinco salários mínimos (49% a 41%).
Para Paulino, do Datafolha, os dados mostram que a oposição entre eleitores ricos e pobres nesta eleição é verdadeira. "O perfil do eleitorado de cada um [Marta e Serra] é muito definido", avalia o diretor do instituto.
A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Assim, Serra pode estar entre 53% e 49%, enquanto Marta tem de 37% a 41%, de acordo com a pesquisa do Datafolha.


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Rejeição à atual prefeita é de 42%; 29% não escolheriam o tucano
Índice