São Paulo, domingo, 10 de outubro de 2004

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SEGUNDO TURNO

IMPACTO

Prefeita não demonstra abatimento na reta final, mesmo tendo terminado 1º turno atrás do candidato tucano

Marta afirma estar "blindada" em relação à diferença com Serra

DA REPORTAGEM LOCAL

"Estou blindada. Nem salto alto nem depressão." É assim que a prefeita Marta Suplicy (PT) responde a quem pergunta qual o impacto dos quase oito pontos percentuais de diferença a favor de José Serra (PSDB) na apuração dos votos do primeiro turno, distância não apontada por nenhuma pesquisa eleitoral.
Abatimento? "A equipe fica, a gente não", conta Marta. Depois de tanto tempo na política, perdendo (em 98, ao governo estadual) e ganhando campanhas (a de 2000), diz que a "blindagem" impede os extremos.
Marta falou à Folha na noite de quarta-feira, em recepção no Teatro Municipal para cerca de 40 prefeitos de todo o mundo. Com uma taça de vinho tinto, tentava demonstrar confiança na vitória.
Para sustentar sua tese, a prefeita afirmou que, no dia seguinte à apuração, já estava "no pique". Na conversa com jornalistas, procurava não demonstrar abalo nem a frustrada tentativa de parecer calma da noite anterior, quando dizia: "Pesquisa erra, gente".
Durante todo o primeiro turno, sobraram fuxicos de uma guerra de bastidores na campanha petista, entre duas linhas distintas: uma, de Duda Mendonça, de vender uma prefeita quase pacata; outra, de seu marido, Luis Favre, de ataque e firmeza.
Ao falar de sua tática no último debate, quando apenas uma vez, em seu melhor momento, atacou diretamente Serra, Marta admitiu que, de vez em quando, tem de se conter: "Colocaram em mim essa "pecha" de arrogância, e qualquer coisa que eu diga eles vão e falam: "Viu, olha aí como é arrogante".".
Estratégia, aliás, foi o que marcou a participação da prefeita no debate da Globo. Por que não partir diretamente para o confronto com Serra? A explicação sai pela linha mais evidente. Pela regra, era seu principal adversário quem teria os últimos 45 segundos de réplica, ficando com a última palavra. "Não sou boba mais não."
Se a prefeita não ficou abatida, sua equipe sentiu o golpe. Integrantes tanto da administração municipal como da campanha admitem que a diferença a favor de Serra foi inesperada.
(PEDRO DIAS LEITE)

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