São Paulo, domingo, 10 de outubro de 2004

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Quase todos os reeleitos vêem votação subir

DA REPORTAGEM LOCAL

DA REDAÇÃO

Ocupar um gabinete na Câmara Municipal de São Paulo rende influência, cargos, participação nas decisões políticas da cidade e votos, muitos votos. Dos 30 vereadores reeleitos, 27 conseguiram aumentar a sua votação, a maioria de modo substancial.
Entre os dez que obtiveram os maiores crescimentos na votação entre 2000 e 2004, todos acima de 70%, oito são da base de apoio da prefeita Marta Suplicy (PT).
Quem dá sustentação à administração recebe em troca cargos nas subprefeituras da região em que atua e um poder maior de encaminhar demandas dos moradores. Assim, fortalece sua influência por meio do uso da máquina pública, principalmente em áreas mais carentes.
Oito vereadores conseguiram dobrar sua votação em quatro anos, sendo que os primeiros sete são todos apoiadores de Marta.

Os campeões
O campeão, Celso Jatene (PTB), passou de 21.002 para 69.354, um aumento de 230%. Apesar de negar, o petebista têm cargos na Subprefeitura do Aricanduva, região em que foi o campeão de votos. Seu crescimento não se deve apenas a isso. Delegado e santista, teve apoio da polícia e da torcida.
"Exerci o meu primeiro mandato e cumpri meus compromissos políticos. A minha votação foi um reflexo disso", afirma Jatene.
O segundo e o terceiro lugares são ocupados por petistas, Claudete Alves e José Américo Dias, que em 2000 não conseguiram vaga e só entraram como suplentes.
A vereadora recebeu o suporte do funcionalismo e de servidores da educação em particular.
Ex-secretário de Comunicação da prefeitura, José Américo costuma brincar que recebeu "os votos dos jornalistas, dos jornalistas da Brasilândia". Foi da zona norte que veio boa parte dos seus votos.
Mas uma cadeira de vereador, ainda que para ser usada de tribuna contra a administração, também rende votos. Com os oito vereadores do PSDB reeleitos, alguns defendem a tese de que é mais fácil ser oposição.
O único entre os oito vereadores que aumentaram seus votos em mais de 100% que não apóia Marta foi Ricardo Montoro (PSDB), de oposição. Além do sobrenome do pai ex-governador, o tucano defendeu interesses da classe média e fiscalizou a atual gestão.
O cientista político Rui Tavares Maluf explica que "não há dúvida de que os recursos do poder podem fazer a diferença, mas não explicam tudo". Segundo ele, "esse tipo de importância vale com ressalvas e, geralmente, em áreas de atuação onde há carências muito grandes da população".
As subprefeituras são responsáveis por pequenas obras, como pavimentação e limpeza. Fazem a fiscalização e recebem as reivindicações da população, muito mais imediatas e profundas onde o poder público é menos atuante.
Para Maluf, no caso do PT o fato de os vereadores terem ficado calados na TV prejudicou o chamado "voto de opinião", como nos casos de Nabil Bonduki e Carlos Neder. "Isso nivela por baixo e beneficia apenas os que atuam nas áreas mais carentes." (PDL E MO)



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