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Gestões e Lula desmobilizam petistas no RS
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Aquilo que costumava ser trunfo do PT em Porto Alegre virou,
nestas eleições, uma preocupação: a tradicional ""maré vermelha" -bandeiras empunhadas
pela militância e por simpatizantes que invadiam a cidade durante
as campanhas e até revertiam votos- está em falta. Se, em outras
eleições, sua existência era até
crucial para a vitória, sua ausência, neste pleito, também pode ser
decisiva, mas para a derrota.
A ausência de militantes nas
ruas é um fato perceptível por
quem acompanha a seqüência
das eleições na capital gaúcha e
pelos próprios petistas. O PT registra 21 mil militantes em Porto
Alegre, segundo o partido.
O candidato do PT, Raul Pont,
disputa a Prefeitura de Porto Alegre, no segundo turno, com o ex-senador José Fogaça (PPS), que
formou uma frente para tirar do
PT a administração municipal,
após 16 anos seguidos de gestão.
""Isso [a ausência de militantes]
está ocorrendo, mas se deve mais
à exaustão das eleições a cada dois
anos e à ausência de clareza nos
projetos, o que deixa tudo muito
confuso na cabeça do eleitor", disse o coordenador de comunicação petista, Felipe De Angelis.
Os dados são taxativos: segundo
a própria organização da campanha de Pont, os comícios do partido costumavam reunir entre 30
mil e 40 mil pessoas em campanhas anteriores. Neste primeiro
turno, teve entre 10 mil e 12 mil.
""Não é que diminuiu a militância. É que estamos mais espalhados. Antes, éramos mais concentrados em alguns bairros", disse a
estudante Lídia González, 23, que
empunhava bandeira anteontem.
Quem deixou de atuar atribui a
ausência a várias causas. ""O principal é que esperávamos mudanças no governo Lula, e elas não
vieram. Há desilusão. Contribui o
fato de a prefeitura estar há tanto
tempo com o PT e haver eleições
freqüentes. As pessoas cansam.
Ainda voto no PT. Só não faço
campanha. Mas o governo Lula
me decepcionou bastante", disse
o médico Gabriel Finizola, 40.
O PPS está atento. Integrantes
do partido dizem que a desmobilização petista pode ser o fato novo a eleger Fogaça. No PT, iniciaram-se contatos com sindicalistas, para que eles se empenhem
mais na campanha de Pont.
Outro fato que comprova a desmobilização é o comportamento
de partidos de esquerdas, tradicionalmente alinhados ao PT. O
PSTU, diferentemente de outras
eleições, vai se abster. O PCO chegou ao ponto de decidir que fará
uma campanha pelo voto nulo.
Ministros gaúchos concordam,
em parte, que haja desmobilização. Para Tarso Genro (Educação), houve "lentidão" na adesão
da militância, o que já mudou,
diz. "É uma campanha dura, com
certo desgaste [pelos 16 anos de
governo], mas com grande patrimônio acumulado." Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário)
afirmou que o grande número de
candidatos diluiu a militância e
que ela ficará mais aguerrida com
a polarização no segundo turno.
Dirigentes petistas acham que
uma das razões do "desânimo" é
o desencanto com o ritmo lento
das mudanças no âmbito federal.
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