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RUMO A 2002
Ministro nega candidatura
Malan discursa sobre combate à pobreza
WLADIMIR GRAMACHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
"A platéia é toda sua, e o Brasil
também", anunciou ontem o
mestre-de-cerimônias ao introduzir palestra do ministro da Fazenda, Pedro Malan, em um seminário sobre pobreza promovido pela Câmara dos Deputados.
Era a deixa para Malan voltar a
testar suas habilidades de candidato -ainda que insista em negar a hipótese de sê-lo. Por quase
uma hora, ele discursou sobre
medidas de combate à pobreza,
tentou seduzir a platéia e incomodou outros presidenciáveis.
O tema era convidativo: programas de renda mínima como incentivo à educação. E a platéia,
qualificada: estavam lá o ministro
da Educação, Paulo Renato Souza, e o senador Eduardo Suplicy
(PT-SP), ambos pretendentes ao
Palácio do Planalto em 2002.
Malan usou suas primeiras palavras para, sutilmente, alfinetar
seu colega de governo. "Estou
aqui cumprindo o pequeno papel
de entretê-los enquanto o ministro da Educação não chega", disse, arrancando risos.
Paulo Renato, recém-chegado
de uma viagem a Paris, estava
meia hora atrasado para o evento
e só chegaria minutos depois. Malan fez mais duas referências ao
colega, uma delas para falar sobre
a "brilhante" palestra que faria.
Paulo Renato não sorriu nem
aplaudiu o discurso de Malan.
Mais tarde, disse, por meio de sua
assessoria, que "gostou muito" da
palestra e que não aplaudiu porque "estava cansado da viagem".
Malan foi interrompido duas
vezes pela platéia. Na primeira,
dizia: "acredito que a mulher é
muito importante, na verdade é
importante para a maioria das
coisas", numa demonstração de
que só não aceita o populismo como ingrediente de sua política
econômica.
Na segunda vez, Malan foi veemente ao criticar "os pedágios, a
corrupção e as comissões (propinas)" que desviam recursos públicos de seus trajetos originais
rumo a programas de combate à
pobreza. Ganhou o auditório.
Nem mesmo a tentativa do senador Eduardo Suplicy de interrogá-lo surtiu efeito. Ao comentar
lei que autoriza o governo federal
a financiar programas de Bolsa-Escola para municípios pobres,
Malan cortou o debate. "Eu conto
com sua ajuda, senador, que, tenho certeza, não faltará."
As mãos de Malan pousaram
uma sobre a outra durante quase
toda sua participação no seminário. Não usou lápis nem caneta.
Muito menos a famosa Mont
Blanc, que não tinha, mas que
provocou acalorada polêmica
com o deputado Aloizio Mercadante (PT-SP) no mês passado.
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