São Paulo, sábado, 10 de novembro de 2001

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Presidente visita museu e ataca de crítico de arte

DE NOVA YORK

O presidente Fernando Henrique Cardoso viveu ontem o papel de que mais gosta: uma mistura de intelectual com estadista. Atacou de crítico de artes plásticas. A convite da direção, FHC visitou o Museu Guggenheim, em Nova York.
Até janeiro de 2001, está em cartaz a exposição "Brazil: Body and Soul", a maior reunião de obras de arte brasileiras já feita fora do país e nos EUA.
FHC começa a visita posando com a atração máxima, o altar, ao fundo. Ciceroneado por Julian Zugazagoitia, do museu, o presidente parava por alguns segundos em todas as obras, enquanto ouvia as explicações do curador, em portunhol, e respondia em inglês.
Comentou quase tudo: a versão do "Manto Tupinambá", da contemporânea Lygia Pape ("Ela tem muita imaginação"); os mantos do artista Artur Bispo do Rosário ("Já tinha visto na Suécia, é uma coisa louca").
No meio do caminho, é abordado por uma das críticas de artes do "The New York Times", Vicki Goldberg. "Estou muito orgulhosa de seu país", diz ela. "Muito obrigado", responde ele.
FHC continua sua caminhada e é parado por um francês, que diz em sua língua nativa: "Vi seu discurso na assembléia de meu país e não consegui chegar perto do senhor na época por causa da segurança. Só queria dizer que gostei muito". "Não há de que", responde o presidente.
No final, antes ir ao telhado do museu, uma das melhores vistas da cidade, FHC faz sua resenha aos jornalistas: "O contraste entre o branco e o preto foi alguma coisa extremamente sensível", disse, referindo-se à montagem especial realizada pelo renomado arquiteto francês Jean Nouvel.
E conclui: "Nestes 500 anos, o Brasil produziu uma cultura específica. Sobretudo quando passa do impressionante altar, que é um barroco quase português, e chega à parte mineira, em que o barroco já fica mais abrasileirado e as madonas já são gordinhas e tem um ar levemente amulatado". (SD)


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