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Presidente visita museu e ataca de crítico de arte
DE NOVA YORK
O presidente Fernando
Henrique Cardoso viveu ontem o papel de que mais gosta: uma mistura de intelectual com estadista. Atacou
de crítico de artes plásticas.
A convite da direção, FHC
visitou o Museu Guggenheim, em Nova York.
Até janeiro de 2001, está
em cartaz a exposição "Brazil: Body and Soul", a maior
reunião de obras de arte brasileiras já feita fora do país e
nos EUA.
FHC começa a visita posando com a atração máxima, o altar, ao fundo. Ciceroneado por Julian Zugazagoitia, do museu, o presidente parava por alguns segundos em todas as obras,
enquanto ouvia as explicações do curador, em portunhol, e respondia em inglês.
Comentou quase tudo: a
versão do "Manto Tupinambá", da contemporânea
Lygia Pape ("Ela tem muita
imaginação"); os mantos do
artista Artur Bispo do Rosário ("Já tinha visto na Suécia,
é uma coisa louca").
No meio do caminho, é
abordado por uma das críticas de artes do "The New
York Times", Vicki Goldberg. "Estou muito orgulhosa de seu país", diz ela. "Muito obrigado", responde ele.
FHC continua sua caminhada e é parado por um
francês, que diz em sua língua nativa: "Vi seu discurso
na assembléia de meu país e
não consegui chegar perto
do senhor na época por causa da segurança. Só queria
dizer que gostei muito".
"Não há de que", responde o
presidente.
No final, antes ir ao telhado do museu, uma das melhores vistas da cidade, FHC
faz sua resenha aos jornalistas: "O contraste entre o
branco e o preto foi alguma
coisa extremamente sensível", disse, referindo-se à
montagem especial realizada pelo renomado arquiteto
francês Jean Nouvel.
E conclui: "Nestes 500
anos, o Brasil produziu uma
cultura específica. Sobretudo quando passa do impressionante altar, que é um barroco quase português, e chega à parte mineira, em que o
barroco já fica mais abrasileirado e as madonas já são
gordinhas e tem um ar levemente amulatado".
(SD)
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