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Oposição age para retardar votação de CPMF
Para evitar manobra do governo e votação direto no plenário, senador Marco Maciel, da CCJ, quer mais 30 dias para análise de emenda
Relatório da senadora Kátia Abreu, contra o imposto, será lido na segunda; sem votos, governo queria pular a análise pela comissão
SILVIO NAVARRO
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em reação às manobras articuladas pelo governo para levar
a votação da CPMF (o imposto
do cheque) direto ao plenário, o
presidente da Comissão de
Constituição e Justiça, Marco
Maciel (DEM-PE), protocolou
ontem um ofício na Mesa Diretora do Senado pedindo mais
30 dias de prazo de tramitação
da emenda na comissão.
O requerimento do senador
Marco Maciel visa impedir que
alguma manobra governista
impeça a votação do relatório
da senadora Kátia Abreu
(DEM-TO), que veta a extensão
da cobrança da CPMF até 2011.
A leitura do parecer será feita
na segunda-feira e, como deverá ocorrer pedido de vista, a
idéia era votá-lo na quarta.
Com a contabilidade incerta
para vencer na comissão, o governo ensaiava evocar o artigo
358 do Regimento Interno, o
que forçaria o envio da emenda
direto ao plenário por extrapolar o prazo na CCJ, conforme
revelou a Folha. Na prática,
Maciel agiu preventivamente.
A intenção dele é manter a votação do relatório na comissão
na própria quarta-feira.
O prazo para a apreciação do
parecer expira hoje. Como a
leitura seria feita na segunda-feira, qualquer integrante da
base governista poderia apresentar requerimento ao presidente interino do Senado, Tião
Viana (PT-AC), derrubando a
votação na CCJ.
A partir daí, caberia a Tião
indicar um novo relator já no
plenário. Nos bastidores, havia
sido acertado que o novo relator seria o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR).
Ao saber da articulação, Marco Maciel antecipou-se e reagiu
utilizando um dispositivo do
mesmo regimento -artigo
118-, que permite a ele prorrogar por mais um mês a tramitação da emenda "desde que seja
enviado à Mesa, antes de seu
término, comunicação escrita".
Foi protocolado ontem, portanto, antes do prazo.
A tramitação por mais 30
dias na CCJ implodiria o calendário do governo e tornaria
praticamente impossível sua
votação em dois turnos até o final do ano. "Se querem ganhar
na marra, vamos ganhar no
prazo", disse Kátia Abreu.
Houve reação imediata na
base para abafar o caso. "Acredito que foi apenas uma medida preventiva, como uma sessão que se prorroga antes de ter
acabado", disse o líder do
PMDB, Valdir Raupp (RO).
Uma das manobras governistas na CCJ é substituir Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) pela
líder do PT, Ideli Salvatti (SC),
a primeira suplente do bloco
governista. Ideli divulgou nota
em que diz que "não tomará
nenhuma decisão antes de consultar as bancadas e os líderes".
Ela dá a entender na nota
que existe essa possibilidade.
"Já fiz diversas alterações na
composição da representação
do bloco sem que houvesse
qualquer ruído político. Da
mesma forma pretendo tratar a
questão da votação da CPMF."
Ameaça
O senador Jefferson Péres
(PDT-AM) ameaçou votar contra a CPMF porque, segundo
ele, seu partido foi ignorado pelo ministro da Fazenda, Guido
Mantega. "Posso votar contra a
CPMF sim, pode escrever isso.
Que ninguém se zangue. Não
estou indeciso coisa nenhuma", disse o senador.
Péres afirmou que foi a uma
reunião com Mantega, fez reivindicações, mas o ministro lhe
entregou uma cópia das propostas que ofereceu ao PSDB.
Além de Péres, o governo
precisa do apoio de Pedro Simon (PMDB-RS) para ter
maioria na CCJ. Se um deles
votar com a oposição, acabaria
em empate de 11 a 11, o que forçaria o voto de Maciel, que é
contra a CPMF.
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